O discurso tão esperado do presidente da República, Jair Bolsonaro, que inclusive prometeu “restabelecer a verdade dos fatos”, diante das graves acusações do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, acabou decepcionando.
Bolsonaro tergiversou e não desmentiu de forma convincente as denúncias de Moro. Pelo contrário, justificou a saída do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e de Sérgio Moro pelo fato da PF não apurar alguns casos solicitados pelo presidente, mas que nem eram efetivamente da alçada do órgão.
No seu discurso, em alguns momentos contraditórios, Bolsonaro esqueceu a promessa de “carta branca” e assegurou que não teria que pedir autorização para trocar um diretor da PF.
No entanto, o ponto mais nebuloso foi a tentativa de Bolsonaro de manchar a reputação de Sérgio Moro, quando afirmou que Moro pediu a ele para que a troca do comando da Polícia Federal ocorresse depois da indicação do ex-juiz federal a uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
Bolsonaro disse que era desmoralizante para um presidente ouvir isso, mas não explicou porque sumariamente não exonerou o ministro diante desse pedido indecente e “desmoralizante”.
Após o pronunciamento e acusação de Bolsonaro, Moro foi as redes sociais e desconstruiu o tolo discurso com uma simples observação.
PGR – O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira para abrir um inquérito sobre os fatos narrados e as declarações feitas pelo então ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro.
A PGR aponta, em tese, crimes de: falsidade ideológica; coação no curso do processo – uso de violência ou ameaça contra uma pessoa em processo judicial ou administrativo, por interesse próprio; advocacia administrativa – promoção de interesse privado na administração pública; prevaricação – quando o agente público retarda ou não pratica ato previsto em lei para satisfazer interesse pessoal; obstrução de justiça; corrupção passiva privilegiada; denunciação caluniosa e crimes contra a honra – calúnia, injúria e difamação.
“A dimensão dos episódios narrados revela a declaração de Ministro de Estado de atos que revelariam a prática de ilícitos, imputando a sua prática ao Presidente da República, o que, de outra sorte, poderia caracterizar igualmente o crime de denunciação caluniosa”, aponta o procurador-geral.
É aguardar e conferir.