Duas palavras

por Jorge Aragão

Definitivamente, o governador Flávio Dino (PCdoB), eleito sob o manto de uma mudança de paradigma em todos os níveis, cada vez mais demonstra estar preocupado apenas com o poder pelo poder. E para isso, faz qualquer negócio: diz e desdiz, nega o que disse, desmente a si mesmo e usa uma palavra para cada interlocutor, beneficiando-se de qualquer audiência.

Dino recebeu o ex-presidente Lula na semana passada, em busca do espólio da esquerda e do apoio do PT como substituto do tempo do PSDB em sua chapa.

Nada mais natural no discurso de um governador que se elegeu por um partido historicamente de esquerda e que flerta com esse campo do espectro político desde que deixou de ser juiz federal, em 2006.

Mas o mesmo Flávio Dino que apontou o caminho da esquerda na presença do ex-presidente Lula, só precisou de uma semana para desmentir a si mesmo, e afirmar totalmente o contrário, para tentar justificar a presença do DEM em sua base. “A chapa não pode ir apenas à esquerda. Aqui é eleição entre os Sarney e os não Sarney”, justificou.

Este é o Flávio Dino em estado puro, o mesmo que, em 2014, acendeu uma vela para Dilma e outra para Aécio Neves; o mesmo que tem o PSDB como vice e faz gracinhas para o PT.

Discurso de quem de tudo faz para manter o poder. Aceita quem quer.

Coluna Estado Maior

Mais gente nesta disputa

por Jorge Aragão

O senador Roberto Rocha (PSB) reagiu de forma quase imediata às declarações do governador Flávio Dino (PCdoB) sobre a disputa eleitoral de 2018 no Maranhão.

Segundo o comunista, no próximo ano, o pleito será “entre a tentativa de voltar ao passado e a continuidade do nosso projeto”. A declaração é uma tentativa de mostrar que na disputa somente terá espaço para o grupo Sarney e o grupo contrário composto pelo comunista.

Rocha se põe como uma via alternativa e, por isso, não gostou nada da declaração de Dino e logo reagiu nas redes sociais
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“Na verdade, a tentativa é dele [Flávio Dino], de projetar para o passado o cenário eleitoral, na esperança de que a população do Maranhão não enxergue uma perspectiva de futuro diferente”.

O que o senador quer mostrar é que o discurso anti-Sarney está ultrapassado e que para o grupo de Dino é o que resta, já que a promessa de 2014 – o discurso de mudança – nunca foi posto em prática.

Além de Roberto Rocha, Flávio Dino também deverá ter como adversária a ex-prefeito de Lago da Pedra, Maura Jorge (Podemos), que percorre o Maranhão como pré-candidata ao governo. O deputado estadual Eduardo Braide (PMN) também é colocado como uma possibilidade dentro da disputa. Ele apareceu bem em pesquisas eleitorais e, por isso, aliados têm difundido essa ideia.

Mas, esse cenário com uma disputa pulverizada com várias candidaturas não interessa a Flávio Dino. Ele quer na eleição de 2018 usar os mesmos argumentos cansados e ultrapassados que vem usando para justificar os numerosos escândalos que contabilizam sua gestão no Maranhão.

Coluna Estado Maior

Apoios para 2018

por Jorge Aragão

A direção nacional do PMDB demonstra querer que a ex-governadora Roseana Sarney entre na disputa eleitoral de 2018 pelo governo do Maranhão. O presidente nacional da legenda, senador Romero Jucá, aparece em vídeo garantindo apoio a Roseana tanto na eleição quanto, em caso vitória, na sua gestão.

A declaração de Jucá demonstra o prestígio da ex-governadora com a cúpula nacional. “Com a amiga, ex-governadora, ex-senadora, grande figura humana que é Roseana Sarney, que precisa voltar [ao governo] para dar esperança novamente à população com toda a experiência que ela tem. Nós estaremos unidos, todo o PMDB nacional, apoiando as ações da Roseana aí na eleição e depois no governo”, disse o presidente nacional.

Jucá afirmou ainda que Roseana faz parte do projeto de reestruturação do PMDB. Essa é mais uma manifestação de apoio à candidatura de Roseana ao governo. Na direção estadual do PMDB, os membros pedem que a ex-senadora seja candidata em 2018. Além dos peemedebistas, muitas lideranças do interior do estado procuram a ex-governadora e manifestam apoio a ela.

Em resposta, Roseana Sarney tem dito aos amigos, correligionários e também aliados que analisa a possibilidade. Ela nunca garantiu que voltaria de sua aposentadoria política para entrar na disputa do próximo ano.

Em reuniões no PMDB, a ex-governadora chegou a declarar que se for candidata será ao governo, já que ao Senado ela apoiará a candidatura do ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. Ela disse ainda que está à disposição do partido para os desafios.

Agora faltam apenas as definições por parte da ex-governadora, já que apoios ela tem e disposição para atender os desafios dos partidos também.

Entusiasmo – O senador João Alberto ficou entusiasmado com a declaração de apoio do presidente nacional do PMDB, Romero Jucá, à candidatura de Roseana Sarney ao governo do Maranhão.

Segundo ele, é uma demonstração clara de que o PMDB está unido e que tem um projeto para o estado. Para o senador, depois dessa manifestação de apoio, não falta mais nada para Roseana decidir ser a candidatura do partido ao governo maranhense no próximo ano.

Coluna Estado Maior

Difícil

por Jorge Aragão

A aproximação entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o Partido dos Trabalhadores (PT) e a possibilidade de formação de aliança para a eleição 2018, deve deixar mesmo o PSDB mais distante do comunista. Dino participou na última terça-feira de um ato público comandado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que marcou o encerramento de incursão do petista pela Região Nordeste.

Foi a consolidação de uma aproximação entre o comunista e o ex-presidente, que para Dino representou a abertura de caminho para a disputa da reeleição para o Governo do Maranhão com o apoio “desenhado” do PT. O partido, por outro lado, deve exigir espaços na chapa de Dino e na administração de um eventual segundo mandato comunista.

No meio de todo esse processo, contudo, há o PSDB, que integrou a chapa de Dino em 2014, com a indicação do vice, Carlos Brandão, e ocupa hoje espaços de maior prestígio no primeiro escalão do Executivo.

Difícil, contudo, que PSDB e PT aceitem, novamente, ser apresentados por um candidato no mesmo palanque. Com o avanço da Lava Jato e um processo natural de desgaste – no âmbito nacional -, das duas siglas, será praticamente impossível evitar um embate direto entre os dois partidos em 2018.

Lula já assegurou que pretende disputar a Presidência da República no próximo ano. Já no PSDB, há quem defenda o nome de João Doria. Geraldo Alkmin, contudo, aparece com força política, já com apoio declarado do PTB e de setores do PHS, por exemplo.

A disputa, entre as duas legendas – hoje dilaceradas -, portanto, existirá, e talvez até de forma mais voraz.

O PSDB não deve aceitar participar de uma coligação ou palanque em que esteja o PT de Lula. E isso sem entrar no mérito do possível desembarque do senador Roberto Rocha na legenda.

E o PT, que precisa reerguer-se no cenário nacional, após ver a queda de uma presidente por impeachment e ter um outro ex-presidente com condenação de primeira instância, deve seguir o mesmo entendimento.

Esse é o cenário que se desenha e deixa Flávio Dino – furta-cor que é – bem longe de conseguir agradar a gregos e troianos.

Coluna Estado Maior

Petistas eufóricos

por Jorge Aragão

Membros do PT maranhense parecem pintos no lixo com a proximidade da chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a São Luís. Lula comandará ato público nesta terça-feira, em palanque montado na praça Pedro II, em frente ao Palácio dos Leões.

Se o PT enfraqueceu drasticamente no Brasil após a Operação Lava Jato – que resultou na cassação da presidente Dilma Rousseff – no Maranhão o partido já é historicamente fraco, sem lideranças representativas e fortemente atrelado aos grupos que estão no poder, seja em âmbito municipal ou estadual. E a vinda de Lula é uma forma de pressionar por mais espaços nessas instâncias de poder.

O ex-presidente já passou por diversos municípios nordestinos e está, desde ontem, a caminho de São Luís, em ônibus fretado e acompanhado por lideranças de todo o país. Alguns petistas maranhenses largaram seu trabalho no serviço público para se integrar à caravana.

A presença de Lula tem o objetivo de consolidar a aliança entre o PT e o PCdoB no Maranhão. O partido quer vaga na chapa majoritária de Flávio Dino, embora não saiba, necessariamente que vaga pretende – se a de vice ou de candidato a senador.

E esta possível vaga é também motivo de debates internos sobre os nomes aptos a preenchê-la. E a vinda do ex-presidente tem também o objetivo de por os pingos nos is e dizer quem é quem entre os petistas maranhenses.

Coluna Estado Maior

Quem paga a conta???

por Jorge Aragão

É o Palácio dos Leões que está mobilizando lideranças, militância e apoiadores. São agentes do Palácio dos Leões que estão a acompanhar o ex-presidente Lula até sua chegada a São Luís. Será na frente do Palácio dos Leões onde será montada a estrutura que servirá de palanque para a pré- campanha de Lula em São Luís, na próxima semana.

Diante de tudo isso, é de se perguntar: quem vai pagar a conta?!?

Desde o início da semana, quando começaram as mobilizações para transformar a passagem de Lula em um acontecimento político que possa beneficiar diretamente, também, o governador Flávio Dino (PCdoB), a pergunta acima surgiu com força em redações de jornais, colunas, blogs e redes sociais. Mas, em vez de responder clara e simplesmente, comunistas, aliados e asseclas de comunistas entram em uma profunda irritação a cada vez que se veem às voltas com a pergunta.

Agentes do PT têm reclamado dia e noite da falta de recursos para manter estruturas políticas. Eles se dizem perseguidos pela Justiça, que fiscaliza dia e noite a movimentação de dinheiro na conta dos partidos. Mas conseguem, de uma hora para outra, fazer de uma visita de Lula uma megafesta política, com estrutura digna de shows de primeiro mundo.

O Palácio dos Leões e seus agentes podem gritar, espernear e estrebuchar, mas não vão ter como impedir a pergunta que circula há dias, sem resposta: afinal, quem vai pagar a conta?!?

Contra – O governo Flávio Dino vai ter que tomar todas as suas precauções para que a recepção ao ex-presidente Lula seja uma festa comunista com certeza na capital maranhense.

Grupos de direita, como a União da Direita Maranhense (UDM), se preparam para protestos e reclames por causa da presença do petista na capital.

A UDM tem entre seus coordenadores o médico Alan Garcêz, que é conhecido no estado pela capacidade de fazer zoada.

A UDM quer, inclusive, impedir que a Assembleia Legislativa conceda Título de Cidadão Maranhense ao ex-presidente Lula.

Em redes socais, a organização condena de forma dura a iniciativa de conceder a honraria ao líder petista. A direita está em busca de um advogado que possa entrar com Ação Civil Pública para impedir a concessão do título.

Coluna Estado Maior

Pedra cantada

por Jorge Aragão

Até os leões que o governador Flávio Dino (PCdoB) prometeu em 2015 que não iriam mais rugir contra o povo maranhense sabiam o destino que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, daria às denúncias de que o comunista recebeu propina de R$ 200 mil da Odebrecht em 2010.

Dependesse de Janot, que tem um irmão de Flávio Dino como principal assessor, essa denúncia jamais prosperaria, diziam lideranças políticas de vários coturnos.

Dito e feito. Pedra cantada, parada dada. Sob orientação do procurador-geral, os representantes do Ministério Público no Superior Tribunal de Justiça pediram o arquivamento da acusação feita pelo delator José Carvalho Filho.

Alegaram os procuradores que o ex-executivo da Odebrecht não conseguiu definir o local exato onde o governador maranhense teria recebido a propina. Não restou ao ministro Félix Fischer nenhuma outra decisão a não ser acatar o pedido do MPF.

Janot deixa o posto de procurador-geral da República cumprindo, assim, a agenda em favor de aliados e amigos e com bombardeio intenso contra quem ele julga adversário.

Há pelo menos uma centena de casos envolvendo delações contra políticos em que o delator sequer sabia a quem entregar a tal propina. Exemplos não faltam: Renan Calheiros (PMDB), José Sarney (PMDB), o próprio presidente Michel Temer (PMDB), Aécio Neves (PSDB), Lula e Dilma (PT). Em outros exemplos – como os de Roseana Sarney e Edison Lobão -, ele, no mínimo, pediu mais prazo para confirmar as denúncias, só arquivando depois de tanto relutar.

Apenas no caso de Flávio Dino – cujo irmão, repita-se, é seu principal assessor – Rodrigo Janot entendeu a necessidade de arquivamento puro e simples.

Coluna Estado Maior

No centro do poder

por Jorge Aragão

É evidente o preconceito da mídia do Sul demonstrado com o deputado André Fufuca (PP), que assumiu ontem o exercício da presidência da Câmara Federal. O preconceito se dá, sobretudo, pelo sobrenome político do parlamentar, uma espécie de corruptela do nome Francisco, pai do deputado.

Mas mesmo diante do preconceito sulista, André Fufuca demonstrou altivez, coragem e segurança para conduzir os trabalhos na Câmara Federal neste momento de forte turbulência política. Estão na pauta de discussões assuntos como as reformas política, previdência, tributária, além de outras questões de forte repercussão.

Inteligente – apesar de muito jovem, com apenas 28 anos, completados domingo – Fufuquinha, como é mais conhecido no interior maranhense, cercou-se de líderes de peso na Câmara, como os governistas Beto Mansur (SP), Carlos Marum (RS) e Darcísio Perondi (RS), experientes raposas, que garantiram a ele a base parlamentar para conduzir os trabalhos. O deputado maranhense pode contar ainda com experientes colegas maranhenses, na Câmara e no Senado, capazes de lhe dar o cabedal político necessário.

Demonstrando humildade e capacidade de aprendizagem rápida, combinada à segurança que demonstra nestes momentos, André Fufuca vai deixando sua marca no parlamento brasileiro.

E só está no seu primeiro mandato.

Coluna Estado Maior

Inferno astral

por Jorge Aragão

O governador Flávio Dino (PCdoB) entra na última semana do mês de agosto confirmando a tradição de tratar-se, de fato, do mês do desgosto. Pelo menos por enquanto. O mês, que se encerrará na quinta-feira, 31, trouxe para Dino situações constrangedoras e arriscadas do ponto de vista legal.

Só na última semana o comunista foi “agraciado” com nada menos do que duas denúncias contra ele – uma no campo eleitoral e outra nas varas criminais da Justiça Superior.

Na quinta-feira, o Ministério Público Eleitoral anunciou denúncia contra Flávio Dino por uso irregular do tempo de propaganda partidária do PCdoB e a propaganda institucional do próprio governo para promoção pessoal. A punição é amena: apenas multa e perda de espaço no horário político, mas não deixa de constranger o governador.

Ontem, Dino recebeu a informação de que a denúncia do Ministério Público Federal, sobre o caso de recebimento de propina para atender a interesses da Odebrecht foi, finalmente, encaminhada ao Superior Tribunal de Justiça. Se o STJ acatar a denúncia, abrirá investigação contra o governador, que, ao fim do processo, se condenado, poderá, inclusive, perder os direitos políticos, além de ser preso por corrupção.

Sem dúvida, o mês de agosto se encerra sendo o mês de desgosto. Pelo menos, no caso do governador comunista do Maranhão.

Coluna Estado Maior

Reconhecimento

por Jorge Aragão

O ex-presidente Lula (PT) decidiu na sexta-feira, 25, fazer um reconhecimento público ao apoio que teve do também ex-presidente José Sarney (PMDB). Durante passagem pelo interior de Pernambuco – na caravana com que cruza o Nordeste desde o início da semana -, o petista disse ser “grato” ao peemedebista.

– Sou grato a Sarney. É importante que se diga. Sou grato a Sarney como presidente do Senado – declarou.

Para quem é bom conhecedor da história política brasileira, apenas essa fala é o suficiente para que se entenda a que se referia Lula quando citou sua gratidão. No seu primeiro mandato, quando enfrentava forte pressão pelo impeachment, o petista esteve perto de ser apeado do poder. Então presidente do Senado, foi Sarney quem primeiro levantou a voz contra a derrubada do presidente – que depois viria a se reeleger em 2006.

E foi a partir desse movimento do peemedebista que Lula conseguiu o apoio de que precisava para evitar a queda. Petistas mais próximos de Lula também reconhecem a importância de Sarney para o primeiro governo do PT.

Em 2014, por exemplo, em meio à campanha eleitoral, a então ministra das Relações Institucionais do governo Dilma Rousseff (PT), Ideli Salvatti (PT), esteve em São Luís e, na ocasião, fez questão de lembrar essa passagem da história.

Coluna Estado Maior