Violência: números que assustam

por Jorge Aragão

É cada vez mais assustador o número de homicídios e as estatísticas da violência na Região Metropolitana de São Luís. O mês de junho contabilizou 50 mortes violentas nos quatro municípios que integram a Ilha: São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, e superou em 35% a média registrada em maio, com 37 mortes anotadas.

Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

O número de assassinatos do mês de junho também supera, em 9%, o total registrado no mesmo período do ano passado, quando a SSP divulgou 46 homicídios.

Um dado interessante em relação aos números e que também preocupa, diz respeito ao uso de arma de fogo. Segundo o relatório da SSP, 80% dos crimes foram cometidos com este tipo de arma, que é de uso exclusivo das forças de segurança pública no país.

Boa parte dos crimes também está relacionada ao tráfico de drogas e à brigas de facções, que dominam, por exemplo, o Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

São dados, números e fatos que assustam.

E o Governo precisa agir…

Vai admitir?

por Jorge Aragão

Aliados do governador Flávio Dino (PCdoB) comemoram reservadamente uma informação de bastidor que dá conta da possibilidade de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode oferecer suspensão condicional do processo a políticos que estão sendo acusados de uso de caixa dois não vinculados a atos de corrupção, o chamado caixa dois simples, em campanhas eleitorais.

A medida beneficiaria quem foi citado na Lava Jato como destinatário de doação não oficial, sem contrapartida ao doador.

Dino foi delatado por José de Carvalho Filho, ex-funcionário da Odebrecht. Recebeu, segundo o delator, R$ 200 mil “por fora” na campanha de 2010.

Mas, se chegar a ser processado, só se livra antecipadamente da acusação se admitir o crime.

Isso porque, pelas regras da suspensão condicional, o investigado tem que reconhecer a culpa e cumprir uma pena alternativa, em geral, prestação de serviços à comunidade. Ou seja, significa na prática uma antecipação da pena.

Aos que comemoram o fato de o governador maranhense poder escapar da Lava Jato por essa via cabe a pergunta: Flávio Dino admitirá que cometeu crime?

Estado Maior

Dino tucano

por Jorge Aragão

O discurso do governador Flávio Dino (PCdoB) no encontro estadual do PSDB – no qual foi reconduzido à presidência da legenda o vice-governador, Carlos Brandão –deixaria qualquer cidadão em dúvida sobre o partido a que pertence o governador maranhense.

Em discurso cheio de agradecimento, Dino rasgou tantos elogios à legenda que chegou a depositar na conta dos tucanos os louros da vitória nas eleições de 2014. Não parece o mesmo comunista que durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) acusou vários partidos, incluindo o PSDB, de colocar em prática um golpe no país.

Mas incoerência é uma prática já comum para o governador do Maranhão. Aos mais atentos, essa postura de Dino não é novidade.

Mas além de ter posturas contraditórias, Dino demonstrou para todos que não quer deixar o PSDB de fora de sua campanha eleitoral pela reeleição. O comunista, sem falar dos cenários políticos nacionais, deixou claro que se depender de sua vontade, os tucanos estarão em sua chapa em 2018.

Flávio sonha em repetir no próximo ano o que conseguiu em 2014 quando se disse neutro na campanha presidencial e, claro, fortalecendo o PSDB, principal adversário do PT, partido que é o aliado histórico do PCdoB, legenda de Dino.

Ele tentará fingir que não há problema – nem ideológicos e nem de postura – em ter em seu palanque adversários nacionais. Será tudo pelo “bem do Maranhão”, que na verdade, é pelo bem de seu projeto de poder, que não vê cor partidária e nem ideologias.

É o velho Flávio Dino agindo de forma diferente de seu discurso, que nos últimos episódios também muda de acordo com os benefícios que podem vir.

Contestação – Carlos Brandão foi reconduzido ao comando do PSDB estadual, mas seus adversários internos prometem buscar posição definida da direção nacional da legenda para enquadrar o presidente.

A intenção é não deixar Brandão solto para negociar e amarrar o PSDB ao PCdoB. E para agilizar isso, o ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, está em Brasília.

Ele disse que se reunirá com membros da direção nacional, como Aécio Neves, e cobrará definição da postura a ser adotada pelos tucanos no Maranhão.

Da coluna Estado Maior, de O Estado do Maranhão

O jogo da semântica

por Jorge Aragão

Coluna do Sarney*

As palavras, como as pessoas, têm sua vida, nascem, exploram sua juventude e morrem no desaparecimento do uso. Algumas, intencionalmente; outras, em razão mesmo do desgaste. Recordo-me a primeira vez que ouvi a resposta a pergunta que fiz: “Como está nosso amigo comum, Eurico? Ele me respondeu: “Joia.” Eu nunca tinha ouvido essa palavra com esse significado. Depois, foi massificada como expressão de bem-estar.

Outro amigo meu, quando viajei a Nova York e lá comentavam sobre o Brasil, me disse:

– É o país mais legalista do mundo. Quando se pergunta até sobre as pessoas:

– Como vai?

A resposta vem rápido:

– Tá legal.

Isso mostra nosso apreço à lei e a condenação a tudo que está fora dela.

Que grande hipocrisia pensar assim! Tá legal não tem explicação. É tá legal, e se aplica a muitas coisas.

Agora, a moda e a palavra que entraram em circulação foi delação, que passou a ser ofensiva para aqueles juízes que levam o pobre coitado a mostrar uma fraqueza de conduta. O delator hoje é colaborador. A primeira vantagem que ele tem ao delatar é trocar de conceito: de pessoa de conduta ultrajante para pessoa de conduta heroica.

A palavra também é objeto de consumo: consome-se até, como a própria moda, deixar de ser moda. A juventude, esta, tem o seu vocabulário próprio. E eu, outro dia, tomei conhecimento da minha ignorância do vocabulário jovem quando perguntei a um filho meu se gostava de skate, ele me respondeu: “Meu tio, é massa.” Eu, inocentemente, perguntei “Massa de quê?” “É massa, meu tio. O senhor não sabe o que é massa?”

Recordo-me, com saudades, de uma palavra que o velho Nascimento Morais, meu companheiro de redação no jornal O Imparcial e notável figura do jornalismo maranhense, me passou num conselho: quando quiser escrever uma catilinária sobre alguém, comece com a palavra sevandija. Se não tiver sevandija, não é lapada nas costas. Mas ela já desapareceu. E eu mesmo, com saudades dela, tenho receio de empregá-la para não parecer esnobe e querer obrigar a consulta a um dicionário.

Tive um colega na Academia Maranhense de Letras que tomou parte numa discussão levantada pelo professor Mata Roma sobre semântica. Ele levantou-se e recitou os versos de Bilac: “Amai para entendê-las!/ Pois só quem ama pode ter ouvido/ Capaz de ouvir e de entender estrelas.” E concluiu: “Olhe o jogo da semântica.” Nem ele sabia o que era semântica. O velho Mata Roma disse: “Aqui não quero falar mais. Encerro minhas considerações nesse momento.” E ficamos, em nosso cotidiano na Academia, de vez em quando, a olhar para o outro colega e dizer: “Olhe o jogo da semântica.”

Domingos Vieira Filho teve a pachorra de coletar palavras do nosso linguajar. Escreveu um livro excelente A linguagem popular do Maranhão. Nela encontramos algumas expressões que já estão mortas, como, para citar uma erudita, machavelismo, que nada mais é do que a cultura chegando ao povo. Vem de Maquiavel e maquiavelismo. Além das eruditas, há as populares: canto, cruzeta, qualira.

Quero encerrar essas lembranças e brincadeiras com palavras repetindo uma nova expressão, que circula hoje entre os jovens e até entre os velhos: “Tô de boa.”

José Sarney

Roberto Rocha aguarda decisão sobre comando nacional do PSB

por Jorge Aragão

A permanência ou não do senador Roberto Rocha no PSB dependerá de quem ficará com o comando do partido: Pernambuco ou São Paulo.

Se for o primeiro, o mais lógico é que em 2018 o PSB se coligue com o PT para uma eventual candidatura do ex-presidente Lula.

E nesse caminho o mais provável é que Rocha deixe o PSB, apesar de a ele ser garantido pelos socialistas alinhados com Pernambuco o direito de ser candidato a governador do Maranhão.

Escanteio – Se o PSB ficasse nas mãos dos pernambucanos, Flávio Dino mais uma vez teria de lutar para ter o PT ao seu lado na eleição.

Explica-se: o PSB deverá ir com Lula, mas quer Rocha candidato. Com isso, amarraria o PT maranhense à candidatura do senador maranhense e deixaria Dino de lado.

E há quem garanta que, se tiver de escolher, Lula não vai com Flávio Dino em 2018 assim como não quis em 2010 e 2014. E que só deixou o PT em 2008 com Dino devido a pedido do presidente do Senado na época.

Da coluna Estado Maior, de O Estado do Maranhão

Silêncio comunista

por Jorge Aragão

Já se passaram quase 30 dias desde as notícias que mostraram que o deputado Levi Pontes (PCdoB) negociava com suas bases eleitorais em outras cidades o pescado comprado com dinheiro da Prefeitura de Chapadinha.

E nada aconteceu ao parlamentar nem no seu partido, defensor da boa conduta moral, e nem na Assembleia Legislativa, onde deveria tramitar representação contra ele na Comissão de Ética.

Na época da denúncia, o presidente estadual do PCdoB, Márcio Jerry, anunciou que o núcleo duro do partido iria se reunir com Pontes para que ele explicasse o que aconteceu. O anúncio não passou de um blefe, porque a reunião nunca existiu e tampouco Levi se explicou. Ou o partido não quis saber ou Levi não se importou em dar explicações à legenda.

O PCdoB – que diz ser o melhor no trato com o dinheiro público e cujos membros são implacáveis em apontar erros e cobrar conduta moral dos adversários – prefere fingir que não existe em seus quadros deputado acusado de cometer ato ilegal com dinheiro público.

Na Assembleia, a vida para Levi Pontes também não tem qualquer dificuldade. Apesar da colega de parlamento, Andrea Murad (PMDB), ter entrado com representação contra o comunista, nada contra Levi chegou à Comissão de Ética da Casa.

Cabe ao vice-presidente da Assembleia, Othelino Neto, também do PCdoB, encaminhar a denúncia.

Já são dois pareceres: um da consultoria legislativa e outro da Procuradoria Jurídica da Casa, todos confirmando os requisitos da representação de Andrea.

Mesmo que a Representação chegue à Comissão de Ética, Pontes não deverá enfrentar nenhuma tormenta, porque comanda a comissão outra deputada do PCdoB, Francisca Primo.

Se o partido detentor do discurso moral não fez nada, deve ter orientado seus membros a não fazer também. E com isso, o comunista, que negociou pescado de uma prefeitura para ser distribuído em outras cidades, vai difundido as ideias do partido tão bem expostas pelo governo estadual: dizer uma coisa e fazer outra completamente diferente.

Fingimento – O Estado passou uma semana questionando o presidente do PCdoB, Márcio Jerry, sobre o caso de Levi Pontes. Jerry sempre preferiu silenciar e fingir que o episódio de uso do dinheiro público para benefício eleitoreiro de um dos membros do partido que comanda nunca aconteceu.

Os dedos ágeis do presidente do PCdoB no Maranhão para criticar conduta de adversários nas redes sociais ficaram frágeis para dar qualquer tipo de satisfação à sociedade.

Da coluna Estado Maior, de O Estado do Maranhão

Guerra aberta

por Jorge Aragão

Partiu da base governista a articulação para que o secretário de Agricultura Familiar, Adelmo Soares, fosse convocado para audiência pública na Assembleia Legislativa. Tanto que o requerimento, de autoria do deputado Júnior Verde (PRB), foi aprovado por unanimidade em plenário. E só entrou na pauta por que o deputado Fábio Macedo (PDT) aproveitou-se da condição de presidente em exercício para por a proposição em pauta.

Por trás da questão envolvendo Adelmo – que já comprou briga com os próprios Macedo e Verde por espaços de votação no interior – está uma guerra fratricida entre deputados governistas e membros do governo Flávio Dino que pretendem disputar as eleições de 2018.

E eles são muitos: a começar pelo todo-poderoso secretário de Comunicação, Mário Jerry, passando pelo chefe da Casa Civil, Marcelo Tavares, são pelo menos 12 auxiliares-candidatos, em uma lista que tem nomes como Jeferson Portela e Duarte Júnior, queridinhos do PCdoB.

E para entrar na Assembleia, obviamente, esses pretensos deputados terão que ocupar a vaga de alguém que esteja na Casa. Como é pouco provável que eles consigam tirar as vagas consolidadas de oposicionistas, sobrará exatamente para os membros do governo na Assembleia.

E nesse jogo d gato e rato vale até jogar para a torcida, como o líder do governo, Rogério Cafeteira (PSB), que se faz de desentendido publicamente ao falar sobre o assunto, mas conspira nos bastidores contra os secretários-candidatos.

E a vida de Adelmo Soares não será fácil na sabatina da Assembleia. É bom lembrar que, com menos antipatia que ele na Casa, o secretário de Infraestrutura Clayton Noleto foi tão bombardeado que abriu mão da candidatura a deputado federal.

Da coluna Estado Maior, de O Estado do Maranhão

PSDB à deriva

por Jorge Aragão

Em meio aos debates sobre as eleições de 2018, o PSDB maranhense segue seu rumo indefinido quanto ao processo de escolha de representantes para a chapa majoritária. Controlado pelo vice-governador Carlos Brandão, que não tem o apoio nem das lideranças nem das bases, a legenda é cobiçada também por líderes de outros partidos.

O ex-governador José Reinaldo (recém-saído do PSB), o senador Roberto Rocha (ainda no PSB), o deputado estadual Eduardo Braide (PMN), o prefeito de Santa Rita, Hilton Gonçalo (PSDB) e a ex-deputada Maura Jorge (PTN) são alguns dos nomes cotados para a disputa.

Todos eles, de uma forma ou de outra, já conversaram ou ouviram conversas de interesses da cúpula nacional tucana. Mas todos concordam com o ex-prefeito de Imperatriz Sebastião Madeira, que defende uma decisão ainda em 2017, para que se ganhe tempo nas articulações eleitorais.

Carlos Brandão não abre mão da aliança com o PCdoB, de Flávio Dino, mesmo contrariando recomendação das lideranças nacionais. Mas não avança sequer para garantir sua vaga de vice, porque não consegue reunir tucanos em torno de si. A exceção é o deputado estadual Neto Evangelista, fechado com o vice – desde que ele não decida concorrer à Câmara, onde pretende chegar em 2018.

Mesmo com tantas lideranças interessadas ou de interesse da própria legenda, o PSDB não consegue se posicionar como partido de ponta. E corre o risco de ficar à deriva no ano que vem, a mercê do resgate de outras legendas.

Da coluna Estado Maior, de O Estado do Maranhão

Morte de Karina Brito ainda não foi esclarecida pela polícia

por Jorge Aragão

Se estende desde o mês de dezembro do ano passado, sem solução alguma, o caso da morte de Karina Brito Ferreira, de 23 anos, na cidade de Balsas.

Karina e a sua irmã, Kamila Brito, de 27 anos de idade, foram alvejadas por disparos de arma de fogo por policiais militares que faziam cerco contra assaltantes de banco.

O inquérito policial, de acordo com a própria Secretaria de Estado de Segurança (SSP), até ontem não havia sido remetido para o Poder Judiciário.

As investigações são comandadas, desde o ano passado, por uma equipe da Superintendência Estadual de Homicídios e Proteção a Pessoas (SHPP), liderada pelo delegado Guilherme Sousa Filho. A equipe já efetuou uma “reprodução simulada dos fatos”, mas não concluiu o inquérito.

A previsão é de que, na próxima semana, o inquérito seja concluído e encaminhado à Justiça. É também o cobra a família da vítima.

De acordo com Guilherme Filho, a polícia já conseguiu individualizar a conduta de cada policial no dia do ocorrido. Estão identificados os atiradores, e quem também não efetuou disparos. As armas utilizadas pelos policiais no dia do crime foram apreendidas e submetidas ao exame de comparação balística no Instituto de Criminalística (Icrim). Este laudo, contudo, não tem data para conclusão.

Enquanto isso, segue-se por mais de 4 meses as investigações, sem que a morte de Karina tenha, de fato, sido esclarecida.

É muito tempo…

 

Socialista à direita

por Jorge Aragão

A votação do deputado federal José Reinaldo (PSB) no projeto da Reforma Trabalhista – aprovada na Câmara dos Deputados durante a semana – reforçou uma tese que alguns governistas têm sobre ele e que, em última instância, tem sido um dos principais impeditivos a sua ascensão ao posto de candidato predileto do governador Flávio Dino (PCdoB) ao Senado em 2018.

O socialista votou a favor da proposta, mesmo após o novo direcionamento do PSB em relação ao governo Michel Temer – durante a semana, o partido oficializou posicionamento contra as reformas.

Assim como os socialistas, Dino, o PCdoB e seus principais aliados também são contra os projetos de reformas.

José Reinaldo, não.

Mesmo filiado ao PSB e membro da base aliada do governador do Maranhão, ele tem se posicionado costumeiramente à direita nos debates nacionais no Congresso.

Uma postura que se evidenciou durante a votação do impeachment – quando ele ignorou orientação de Dino e votou pela abertura de processo contra a então presidente Dilma Rousseff (PT) – e que continua, votação após votação.

O Governo do Maranhão acompanha com decepção essa postura, considerada maléfica às pretensões do pré-candidato a senador até por seus mais próximos aliados.

Da coluna Estado Maior, de O Estado do Maranhão