O Maranhão voltou a ser notícia na mídia nacional e internacional, sales e mais uma vez por motivos drásticos, desta feita, por um ato de selvageria, um meliante foi espancado e linchado até a morte, tendo o seu corpo inerte sido despido e amarrado com cordas em um poste de iluminação pública, fato este, gravíssimo.
A vítima, juntamente com um menor infrator, tentaram assaltar a mão armada um estabelecimento comercial no jardim São Cristovão, e foram rendidos por populares que praticaram outro crime, de conhecimento exaustivamente de todos, sendo inclusive matéria do Programa Fantástico do domingo passado.
O bandido Cleidenilson Pereira da Silva, 29 anos, era contumaz em cometer delitos, embora fosse tecnicamente primário, tendo aliciado um menor para a sua derradeira empreitada.
Os fatos violentos de São Luís foram manchetes de vários jornais impressos, matéria de destaque em revistas semanais e blogs, aqui mesmo na capital do Maranhão no dia 07.07.2015 o jornal Estado do Maranhão, o de maior circulação, fez uma capa em que a foto da vitima amarrada ao poste era quase uma pagina inteira.
– Que tempo esses!
O soldado não foi capa de nenhum jornal importante, não saiu em destaque nos jornais televisivos, raríssimos blogs comentaram o fato, com exceção de alguns poucos ligados à policia local daquele estado, foi apenas um policial assassinado, deixando na orfandade uma filha de três anos que dependia totalmente do pai. O quê dizer pra essa filha? As vezes, as palavras nada dizem.
O soldado Alex Amâncio era reconhecidamente um profissional exemplar, amava ser policial, e trabalhava em prol da sociedade no combate ao crime em uma cidade aonde é extremamente difícil ser policial, o outro, o Cleidenilson, estava em ponto oposto, tirando o sossego da população, o primeiro nenhum reconhecimento teve, não tendo direito aos “Direitos Humanos”, não ganhou destaque sequer na mídia, pois policial quando morre é só um numero estatístico, enquanto o segundo, virou matéria de mundo, e aqui não estou dizendo que a população fez algo correto, mas apenas busquei comentar, as desigualdades que são amazônicas.
Um dia nunca é igual ao outro, e os detalhes acabam fazendo a diferença. Depois do fatídico dia, mais outros policiais morreram Brasil a fora, e a historia se repete, ninguém comenta, e a dor é da família, como se o assassinato de um policial, fosse algo tão banal, para ser tratado como natural.
Qual de nós será a vítima da vez?
Posso compartilhar um sentimento? – o policial só tem valor na instituição quando esta produzindo, quando se aposenta ou morre, vira papel velho.
Amon Jessen.
Investigador de Polícia Civil e ex-presidente do SINPOL-MA