MPF oferece denúncia contra delegado Bardal e cinco militares

por Jorge Aragão

O Ministério Público Federal (MPF) no Maranhão ofereceu denúncia à Justiça Federal contra 13 pessoas, entre policiais militares, delegado da Polícia Civil, político e empresários, acusadas de integrarem organização criminosa especializada no contrabando de cigarros e descaminho de bebidas para São Luís (MA). Foi pedida a manutenção das prisões preventivas e medidas cautelares, além da condenação dos denunciados pela prática dos crimes de organização criminosa, contrabando, descaminho, corrupção, falsidade documental, posse irregular de arma de fogo e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito.

Entre os denunciados estão o ex-vice-prefeito de São Mateus (MA) Rogério Sousa Garcia; o delegado da Polícia Civil Tiago Mattos Bardal; o coronel da Polícia Militar (PM) Reinaldo Elias Francalanci; o major da PM Luciano Fábio Farias Rangel; o sub-tenente da PM Joaquim Pereira de Carvalho Filho; o soldado da PM Fernando Paiva Moraes Júnior; o advogado Ricardo Jefferson Muniz Belo; José Carlos Gonçalves; Galdino do Livramento Santos e Evandro da Costa Araújo, que tiveram a manutenção de suas prisões preventivas requerida.

Também foram denunciados Rodrigo Santana Mendes, Edimilson Silva Macedo e o tenente da PM aposentado Aroudo João Padilha Martins, para os quais foi pedida a aplicação de medidas cautelares, que incluem o comparecimento mensal em juízo para justificar sua atividade, proibição de ausentar-se da comarca em que reside e de manter contato com os demais denunciados.

A denúncia foi formulada pelos procuradores da República Carolina da Hora Mesquita Höhn, Juraci Guimarães Júnior e Marcilio Nunes Medeiros, designados pela Procuradora-Geral da República Raquel Dodge para atuar conjuntamente na investigação, e baseou-se em laudos elaborados pela Polícia Civil e Polícia Federal, além de depoimentos de testemunhas, policiais civis e militares e apreensão de mercadorias ilícitas e armas sem registros.

Entenda o caso – A organização criminosa foi desbaratada por operação policial realizada em um sítio localizado no bairro do Quebra Pote, em fevereiro deste ano, próximo ao porto do Arraial, por onde os produtos eram descarregados e posteriormente armazenados em galpões. Durante a abordagem policial na qual parte do grupo criminoso foi presa em flagrante, em 21 de fevereiro, foram apreendidas 6 pistolas, revolver, 18 carregadores de pistolas, mais de 200 munições, 2 granadas, 2 rifles e um binóculo de visão noturna.

Também foram encontradas 877 caixas de whisky e 6.165 caixas de cigarros, localizadas em dois galpões de armazenamento, um no porto do Arraial e outro na Vila Esperança. O valor das mercadorias apreendidas, whiskys e cigarros de procedência estrangeira ilegal, totaliza R$ 16.371.371,07.

Delegado Thiago Bardal e advogado Ricardo Belo já estão presos

por Jorge Aragão

O secretário de Segurança Pública do Maranhão, Jefferson Portela, em entrevista na Rádio Mirante AM, confirmou nesta sexta-feira (02), que a Justiça acatou o pedido de prisão preventiva do delegado Thiago Bardal e do advogado Ricardo Belo, que estava em companhia de Bardal no dia da operação.

O curioso é que a prisão foi decretada no dia em que o delegado prestou, pela primeira vez, depoimento sobre o caso. As prisões foram decretadas pelo juiz Ronaldo Maciel, da 1ª Vara Criminal, a peido da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP). O pedido de prisão do delegado Bardal ainda teve parecer favorável pelo Ministério Público do Maranhão.

Os dois ainda estão na Superintendência de Combate a Corrupção (SECCOR), mas no início da noite devem ser encaminhados para onde devem permanecer presos. O delegado será encaminhado para o Presídio da Polícia Civil localizado na Cidade Operária, enquanto que o advogado será encaminhado à Penitenciária de Pedrinhas.

O secretário Jefferson Portela informou que já teve acesso ao áudio em que o ex-vice-prefeito de São Mateus, Rogério Garcia cita que um “secretário” e “dois deputados” estariam dando cobertura ao bando. O secretário assegurou que tudo será investigado.

“Soube que já pediram minha prisão”, diz delegado Thiago Bardal

por Jorge Aragão

Na manhã desta sexta-feira (23), o delegado Thiago Bardal, ex-superintendente da SEIC – Superintendência Estadual de Investigações Criminais, em entrevista ao programa Acorda Maranhão, da Rádio Mirante AM, falou sobre a acusação do seu suposto envolvimento em uma milícia que foi desbarata pela Polícia Militar.

O envolvimento do delegado Thiago Bardal foi citado pelo próprio secretário de Segurança, Jefferson Portela, em entrevista coletiva sobre a operação deflagrada pela Polícia Militar na manhã de quinta-feira (22). Por conta desse suposto envolvimento, Bardal foi imediatamente exonerado do cargo e foi indiciado.

Bardal negou qualquer envolvimento com a milícia e lamentou nunca ter sido chamado para prestar esclarecimentos.

“Eu passei o dia trabalhando normalmente e em nenhum momento fui chamado para prestar esclarecimentos. Nenhuma das pessoas envolvidas, que já foram ouvidas, me conhece ou citaram meu nome. Não conheço nenhuma dessas pessoas presas. Querem me envolver nessa situação por estar no local duas horas antes da operação”, afirmou Bardal.

O delegado entende que está havendo uma precipitação dos fatos e afirmou ainda que não foi comunicado da sua exoneração e que, mesmo sem ser ouvido, soube que já pediram sua prisão.

“Com certeza houve precipitação. Já tive conhecimento que pediram minha prisão, mesmo sem jamais terem me chamado para ser ouvido. Também nunca fui comunicado oficialmente da minha exoneração. Além disso, se eu tivesse mesmo envolvimento com essa situação, eu teria que ter sido autuado em flagrante”, finalizou.

Thiago Bardal era um dos delegados mais atuantes dentro da Polícia Civil do Maranhão e foi responsável pelas principais operações no Estado nos últimos anos. O delegado inclusive, no ano passado, chegou a denunciar o desembargador Tayrone José Silva, pela soltura de Josival Cavalcante da Silva, o “Pacovan”, acusado de pertencer a uma quadrilha que usava postos de combustíveis para lavar dinheiro.

A Secretaria de Segurança do Maranhão confirmou a exoneração e o indiciamento do delegado Thiago Bardal.