Uma tragédia de erros

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Qual seria a reação das pessoas, que tomassem conhecimento, através de gravações, de reuniões dos presidentes do Supremo Tribunal Federal – STF, do Senado Federal, ou da Câmara dos Deputados, com seus pares, onde eles tratassem de assuntos que deveriam ser exclusivamente privados? Que não pudessem vir a público!?…

Como reagiriam as pessoas que assistissem a gravações de reuniões secretas das direções nacionais dos partidos políticos, de qualquer coloração ideológica? Como se sentiriam os telespectadores se pudessem assistir a uma reunião de pauta de um desses telejornais nacionais? Uma, onde os jornalistas não soubessem que estavam sendo gravados e onde se visse como eles montam suas narrativas!?…

Como ocorrem as reuniões intimas, nas quais você participa!? Da empresa, do condomínio, da família! Se diz cada barbaridade nessas reuniões, não é mesmo!?

Penso que essas pessoas se sentiriam tão impactadas quanto aquelas que assistiram a reunião ministerial de 22/04/20. Talvez nessas outras reuniões fossem falados menos impropérios e sandices, mas certamente nelas seriam ditas coisas também bastante censuráveis, pois na intimidade, sempre se acaba dizendo algo que não deveria ser dito.

Não desejo colocar panos quentes nas grosserias e nos impropérios ditos na reunião ministerial de 22/04/20, mas não posso esquecer que, quem dela participou imaginava que aquela seria uma reunião secreta, e se soubessem que ela seria pública, teriam mantido a linha, falado menos tolices.

Da mesma maneira que não posso deixar de dizer que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, é um completo lunático e não poderia jamais ocupar tão importante cargo, ou qualquer outro.

Fico imaginando qual ministro do STF, senador ou deputado federal nunca, em uma reunião íntima, não insultou o presidente Jair Bolsonaro ou algum de seus ministros aloprados!? Ora, se eu que não estou diretamente envolvido em todo esse parangolé os insultos, imaginem quem está no olho do furacão!?…

O presidente da república que é um sujeito incapaz de se comunicar de forma correta e adequada, nem com sua equipe, nem com os demais atores da cena política brasileira, nem com a imprensa, quando se vê fustigado por aqueles que desejam atingi-lo, acaba criando um ambiente caótico, quase fora de controle.

Fiquei muito preocupado com uma fala de Bolsonaro, na porta do Palácio da Alvorada, na quinta-feira, 28 de maio! O senti acuado! Penso que estão esticando muito a corda com este maluco! Oposição e imprensa, ao invés de enfraquecê-lo, estão fortalecendo-o junto aos seus apoiadores!

O apoio a Bolsonaro, em muitos aspectos, está ficando muito parecido com a religião que foi criada em torno de “São Lula”! O que não é de forma alguma o que eu ou qualquer pessoa de bom senso, deseja.

Penso que na tentativa de atacar o governo, apedrejando seu governante, seus opositores, conseguem poucos novos adeptos, consolidam a resistência bolsonarista, e pior que isso, atingem e fragilizam o Brasil e suas instituições.

Acredito que a tática mais correta a ser usada contra pessoas como Jair Bolsonaro não seja essa que a imprensa e seus adversários políticos estão usando. Perseguir um populista, acossá-lo, vitimizá-lo, não o fará desistir. O objetivo deles deveria ser apartá-lo de seu trunfo, de sua base, de seu apoio: seu povo.

Ao agir como o fazem, os adversários do presidente, mais que alvejá-lo, atingem ao Brasil. Ao final pode ser que consigam seu intento, mas certamente, terão destruído a nossa nação, o nosso país e o nosso Estado, que com isso pode deixar de ser democrático, por ação deles, ou por reação a eles.

Um governo ou seu presidente são passageiros. O que tem que ser permanente é o entendimento de que todos, não só alguns, são igualmente responsáveis pelas coisas certas e pelas coisas erradas que acontecem em nosso país. Mérito, culpa e responsabilidade, não são privilégio apenas de alguns, mas de todos.

O presidente comete muitos erros, alguns graves, mas ele não é o único a errar em toda essa tragédia absurda pela qual passamos. Vestais, que se colocam acima do bem e do mal, são tão ou mais responsáveis que ele.

Em Bolsonaro, o erro se sobressai muito mais por sua forma tosca de ser e de agir, que por qualquer outra coisa. Como dizia meu pai, “ele tem o dedo queimado”!

Estou Tiririca

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Foi ótimo ter aprendido a jogar paciência, e a canalizar a energia que a filosofia que esse jogo proporciona e ensina, para quem o pratica e a conhece. Ainda assim, algumas vezes, a paciência me falta, pois ela não é uma coisa comum à natureza humana. Ela precisa ser cultivada. Eu preciso muito cultivá-la.

Já comentei que alguns amigos meus, dos dois lados deste campo de batalha que se transformou a vida nacional, têm forçado um pouco a barra, no ataque e na defesa de suas posições políticas, desprovidas de qualquer capacidade de pelo menos ouvir, tentar entender e ponderar os argumentos das outras pessoas. Não lhes falta só a tão necessária tolerância, falta-lhes um pressuposto anterior a ela, a mera audição dos argumentos, com paciência e boa vontade.

Como se não bastasse isso, os políticos, em todos os âmbitos, em todas as esferas, de todas as tendências, indistintamente, parece que enlouqueceram. Não consigo identificar um único que não esteja comprometido com o erro e a incoerência. É triste.

Como se não bastasse tudo isso, o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, a corte constitucional brasileira, em um despacho recente, determinou que se as testemunhas de um determinado processo “deixarem de comparecer, sem justa causa, na data por elas previamente ajustada com a autoridade policial federal, perderão tal prerrogativa e, redesignada nova data para seu comparecimento em até 05 (cinco) dias úteis, estarão sujeitas, como qualquer cidadão, não importando o grau hierárquico que ostentem no âmbito da República, à condução coercitiva ou debaixo de vara”.

Não vejo problema quanto ao despacho em si, mesmo que dentre as testemunhas estejam três generais de quatro estrelas do exército brasileiro, um deles inclusive na ativa. Acredito ser descabido, ofensivo e desnecessário, exatamente por si tratar de testemunhas, além do que serem pessoas acima de qualquer suspeita.

Absurdo maior ainda consiste no fato deste mesmo ministro ter votado anteriormente contra o uso da condução coercitiva, que segundo ele, na sustentação de seu voto, é uma medida inconstitucional que atenta contra os direitos do cidadão. Mais que isso, em seu voto o ministro diz que caso algum magistrado use o estatuto da condução coercitiva, este deve responder por essa grave ofensa aos preceitos constitucionais.

O que está acontecendo em nosso país são verdadeiras avalanches de absurdos, iniciadas nos mais diversos setores, principalmente nos três poderes da república, todos cruciais para o bom andamento das atividades que gerenciam nossa grande nação.

Correção e coerência são coisas que parecem não se encontrar nas ações, não só do nosso aloprado presidente da república, que ao que parece sempre age motivado por seus filhos, que são completamente idiotas, e por alguns de seus apoiadores tresloucados, como também não costumam frutificar no que dizem e fazem os presidentes da Câmara e do Senado Federal, apoiados por deputados e senadores sem o menor bom senso, e o que é pior, isso também ocorre com os ministros de nossa suprema corte, que não de hoje, resolveram intervir politicamente, não apenas sistematicamente legislando, função que não lhes é conferida pela constituição, mas fazendo com que o pêndulo que define a independência e harmonia entre os poderes, incline-se mais para um lado, tornando pensa a mesa que deveria garantir o equilíbrio entre eles.

Olho para tudo isso e a sensação que tenho é de estar em um pesadelo ou em um filme daqueles de conspiração, onde cada ação de um personagem é motivada premeditadamente a levar a uma consequência específica, desejada por alguém que manipula todos os cordões da trama, só que no meio do tal filme, a tela fica escura, ouve-se um som grave, como de algo pesado caindo, barulho de película quebrando e batendo contra o carretel que gira. Ao voltar a aparecer a imagem na tela o que vemos é uma comédia, meio pastelão, meio de erros, tipo “Apertem os cintos, o piloto sumiu”…

As coisas estão ruins e piorando, mas sou otimista, elas vão melhorar. Têm que melhorar! Pior que estão, não podem ficar!…

Um golpe

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

O ex-deputado Roberto Jeferson, meu colega na Assembleia Nacional Constituinte, disse recentemente, que um grupo de deputados liderados pelo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, está tentando mudar a Constituição brasileira no sentido de permitir que haja reeleição para os membros da Mesa Diretora da CD, dentro da mesma legislatura.

Veja, na primeira sessão de cada período legislativo a Câmara dos Deputados se reúne para eleger sua Mesa Diretora para um mandato de dois anos, sendo proibida a reeleição, dentro da mesma legislatura. Essa proibição ocorre para impedir que o Poder Legislativo se torne propriedade de uma pessoa ou de um grupo, enfraquecendo assim o sistema republicano de governo e fragilizando o estado democrático.

Caso haja reeleição, o Legislativo, poder mais afeito que os demais à ação de acordos e conchavos, se transformará em fonte de grande problema no equilíbrio e na harmonia entre os poderes, o que acarretará graves problemas institucionais.

A Constituição maranhense copiava a federal quanto à eleição da Mesa Diretora de seus Poderes Legislativos, mas em 1994 o então presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, mudou a Constituição de nosso Estado para permitir reeleição dos membros da Mesa Diretora.

Em 1999, como deputado, eu entrei com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade contra aquele artigo da nossa Constituição estadual. O Supremo Tribunal Federal achou que a modificação da Constituição maranhense não estava em desacordo com a Constituição Federal e rejeitou minha ADIN, permitindo que no Maranhão, o presidente da ALM continuasse a se eleger indefinidamente, como um presidente de associação comunitária ou clube de futebol.

Em 2002, com a eleição de novos deputados, fizemos um movimento para ganhar a eleição para a Mesa Diretora, usando as regras vigentes na época. O primeiro passo foi convencer a oposição, que sempre apoiou a reeleição, de que era hora daquilo acabar. Vencida aquela etapa, teríamos que dissuadir o governo de então, a não se intrometer na eleição da ALM, o que não aconteceu, fato que recrudesceu ainda mais a decisão de derrubarmos aquele grupo que estava alojado no Poder Legislativo, já fazia dez anos.

Nosso grupo era composto por 8 dos 28 deputados ligados ao governo e por todos os 14 da oposição. Não havia margem para erro.

O certo é que vencemos a eleição. Estabelecemos uma nova administração no Poder Legislativo e uma das primeiras medidas que tomamos foi emendar a Constituição estadual e o regimento da ALM, deixando os textos “ipsis litteris” aos seus correlatos a nível federal. Eu fui o autor das emendas.

O deputado Carlos Alberto Milhomem e eu fomos eleitos respectivamente, presidente e primeiro secretário da Assembleia para o biênio 2003-2004, porém, em 2006, o clima político no Maranhão tinha mudado muito. Havia outro presidente na ALM, que levado pelas circunstâncias políticas e apoiado por alguns daqueles que conosco derrubaram a reeleição, fez com que mudassem novamente os dispositivos legais, permitindo a volta da reeleição.

De lá para cá, todo aquele que se elegeu presidente da ALM, se reelegeu, e só deixaria de fazê-lo se fosse muito inábil, se não tivesse capacidade de agregar os interesses de seus colegas, ou se tivesse que enfrentar um grupo de parlamentares como aquele que em 2003, derrotou, não só o grupo aquartelado no Legislativo durante dez anos, mas também, o governo do estado e todas as suas forças, os caciques da política do Maranhão, e até mesmo o Poder Judiciário, local e nacional, que apoiava a reeleição.

O que Rodrigo Maia e seu grupo deseja fazer na Câmara dos Deputados é um desserviço ao Brasil. Não digo isso em defesa de Bolsonaro e de seu governo, que são passageiros. Digo isso com o conhecimento de alguém que viveu na política durante 32 anos, e sabe que a usurpação do controle do Poder Legislativo é extremamente nociva à república e à democracia.

O que eles pretendem, usando uma forma aparentemente legítima e democrática, acobertada pela votação de uma emenda constitucional, é nada mais, nada menos, que levar a cabo um golpe legislativo, e estabelecer um parlamentarismo branco no Brasil.

O Fato do Príncipe

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Para proteger o comércio e a indústria brasileira, e consequentemente defender a economia nacional, neste momento de grave crise, o governo, através de seu determinado, operoso e destemido presidente, bem que poderia baixar um dispositivo legal que obrigasse os bancos, que são as peças mais fortes da nossa, assim como de qualquer engrenagem econômica, a postergar por 180 dias os pagamentos de empréstimos contraídos pelas empresas, antes desta calamidade se abater sobre nós.

Essa ideia me ocorreu quando tive certeza que muitas empresas, teriam imensa dificuldade em cumprir com seus compromissos, uma vez que a grande maioria delas se encontra fechada, sem nenhuma atividade econômica positiva. Estão apenas acumulando dívidas. Foi aí que me lembrei de uma coisa que deveria ter estudado mais do que o fiz. Direito administrativo. “O Fato do Príncipe”.

Fui dar uma estudadinha e vou tentar explicar da forma mais didática possível, se é que isso é possível.

A expressão “fato do príncipe” é comumente utilizada no Direito Administrativo, ao tratar dos contratos e da possibilidade jurídica de sua alteração. Em síntese, é o ato administrativo realizado de forma legítima, mas que causa impactos nos contratos já firmados.

Se trata de agravo econômico resultante de medida tomada sob titulação diversa da contratual, isto é, no exercício de outra competência, cujo desempenho vem a ter repercussão direta na econômica contratual estabelecida no que foi acordado.

Ufa!… Entendeu!?… Vou tentar simplificar ainda mais.

Imagine que eu e você fizemos um contrato em uma situação na qual tudo deveria correr de forma normal, como o esperado. Repentinamente ocorre uma calamidade, irrompe uma guerra, ocorre um desastre natural de proporções catastróficas, assim como essa da Covid -19, e tudo para, as empresas fecham, tudo foge ao controle. O ambiente onde aquele nosso contrato foi firmado não mais existe, impedindo que ele seja honrado, da forma como foi estabelecido e por isso algo deve ser feito para manter a normalidade legal dele, sem prejuízo maior para nenhuma das partes.

Não será um adiamento de 180 dias do recebimento dos empréstimos que quebrará o nosso poderoso sistema bancário, mas esse adiamento poderá salvar muitas empresas e impedir o desemprego em massa, e a quebradeira que poderá acontecer tanto na indústria quanto no comércio. Fazendo isso o governo estaria ajudando de forma definitiva na sustentação de nossa economia, talvez da forma mais efetiva que qualquer outra.

Outra coisa importante a ser lembrada, quanto a pedirmos esse “sacrifício” aos bancos, é que todas as vezes que tivemos um problema com o sistema bancário, ele foi socorrido pelo governo, sempre às custas do dinheiro do contribuinte, em sua maior parte das empresas. É hora deste privilegiado setor de nossa economia participar como um dos vetores de solução desta grave crise pela qual atravessamos. Além disso, se essas medidas forem implementadas, não haverá para os bancos nenhuma perda econômica ou financeira, haverá apenas e tão somente um adiamento do recebimento dos valores emprestados.

Não sei se a disposição e a coragem do presidente Bolsonaro para enfrentar os poderosos conglomerados bancários, está no mesmo nível das que ele tem para bater boca no Twitter! Se tiver, estará fazendo uma das coisas mais acertadas de seu governo, até aqui.

A pá de lixo

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Política é um jogo bem parecido com o xadrez! É preciso que se pense com cautela e argúcia nas consequências dos movimentos que fazemos. Movimentarmos peões, cavalos, bispos e torres sem o devido conhecimento das consequências dessas ações, acarreta situações que em alguns casos serão decisivas, positiva ou negativamente, no sucesso do jogo.

Os jogadores mais gabaritados do xadrez político, adversários do presidente Jair Bolsonaro, devem saber que tirar o capitão da presidência da República irá causar um efeito diverso daquele que eles pretendem, pois seu substituto, general Hamilton Mourão é muito mais bem preparado e não fará as bobagens que seu comandante em chefe comete tão corriqueiramente!

Imagino que o que na verdade os adversários de Bolsonaro querem, não é simplesmente tirá-lo do poder, mas, tal qual o Adélio Bispo, esfaqueá-lo, repetidamente, para fazê-lo sangrar, enfraquecendo-o, para ganhar dele a eleição em 2022 e assim voltarem ao poder. Pelo andar da carruagem, tudo indica que irão conseguir seu intento!

As diversas burrices que comete o presidente Bolsonaro formam um conjunto de coisas absurdas, dignas representantes daquilo que o genial Sergio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, nomeou como Febeapá, Festival de Besteiras que Assola o País. E não adianta os adoradores do Mito virem dizer que ele não é burro, que não é ignorante, mal educado, que ele faz tudo como deve ser feito, tanto que por isso se elegeu presidente da República. O fato é que ele não se elegeu presidente, ele foi usado como uma conveniente pá de lixo, que por acaso agradava, naquele momento aos eleitores!

Da mesma forma como acontece com as pás de lixo, depois de algum tempo, depois de terem cumprido o seu papel, elas são descartadas e jogadas fora, junto com o mesmo lixo que elas ajudaram a eliminar.

Com um verdadeiro líder acontece diferente, ele pode até ser descartado eleitoralmente, como aconteceu com Churchill, que depois de liderar o Reino Unido e o mundo contra Hitler e os nazistas, perdeu a eleição. Mas, ocorre que ele será sempre lembrado como um líder, alguém que como Moisés liderou seu povo em momentos decisivos de sua história, mesmo que como punição, Deus o tenha proibido de entrar na terra prometida. Alguém que como Martin Luther King lutou por uma correta e justa ideia e até morreu por ela, sem vê-la realizada.

Já está passando da hora de Jair Bolsonaro resolver se vai entrar para a história do Brasil como apenas uma pá de lixo, fato que para ele, em sua forma desfocada e obtusa de ver as coisas, parece ser o suficiente.

Para nós, que esperamos muito mais daqueles que devem liderar nosso país, nossa nação e nosso povo, na conquista de tempos e condições melhores, uma pá de lixo não é a solução, pois o lixo sempre vai se acumular.

Precisamos de um líder que estabeleça as condições necessárias para que tenhamos tudo que se precisa para viver de forma minimamente digna e aceitável, onde inclusive se tenha garantias de um serviço de limpeza, não apenas sanitária, mas também política, que impeça o lixo humano de se apropriar do poder, dos corações e das mentes de nosso povo.

Não sei se ainda há tempo para Bolsonaro deixar de ser apenas uma pá de lixo, mas o povo brasileiro ficaria muito feliz se pelo menos ele realmente tentasse.

Indignado pela indignidade

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

É indecente e criminosa a politização que está ocorrendo em torno da pandemia de coronavírus. É asquerosa a atitude de pessoas que aproveitam ocasiões de tamanha dificuldade para dar vazão a essa que é uma das mais torpes facetas da condição humana: a perfídia.

Utilizarem-se deste momento, em que enfrentamos essa avassaladora calamidade, onde todos estamos sujeitos a adoecer e alguns até a morrer, para tirarem vantagem política ou denegrir adversários, é algo ultrajante e inaceitável.

Os canalhas que fazem esse tipo de coisa estão sendo observados, e mesmo aquelas pessoas de pouca percepção, são capazes de reconhecer quem joga com suas vidas.

É igualmente inadmissível gestores públicos idiotas não serem capazes de se comportar com a devida e necessária civilidade, urbanidade e decoro, ainda mais em um momento como esse. Muito grave também é o que acontece com a imprensa, onde jornalistas tomam posições ideológicas e partidárias, colocando em segundo plano o bem comum.

Exigir-se inteligência emocional de quem não a possui talvez seja demais, mas ter-se a inteligência comum, aquela que nos faz entender como funciona uma operação simples de adição ou subtração, isso é indispensável. Sem essa inteligência mínima, somos completamente descartáveis, principalmente neste momento de crise.

O que se espera é que todos deem vazão à honra e à nobreza que deve habitar em algum canto obscuro, até mesmo da criatura humana mais desnaturada que vaga sobre esta condoída terra.

Estou enojado com o que tenho visto e posso garantir que o que vi até aqui me faz crer que ninguém está inocente das acusações.

A responsabilidade de um governante numa hora dessas ultrapassa o limite da mera representatividade eleitoral e política. Ela passa a extrapolar os limites da obrigação legal e a se estabelecer como questão de posicionamento social e humano.

A macroeconomia, lato sensu, e individualmente os sistemas econômicos mais simples, que vão das empresas de maior porte até as empresas individuais, atingindo o cidadão comum na ponta mais distante desta cadeia, não pode ser de forma alguma esquecida, mas também não pode ser o item mais importante neste momento.

Quando eu era detentor de cargo público, como deputado ou secretário de estado, sempre chamei a atenção dos meus colegas e colaboradores para um dilema que bem representa a vida e a ação dos políticos de todas as esferas. O dilema da vaca e do carrapato.

Nele, algumas pessoas advogam que por existirem carrapatos, melhor seria não se ter vacas, enquanto alguns mais radicais defendem que se mate as vacas para acabar com a praga dos carrapatos.

Desculpem o exagero deste exemplo, mas ele se deve ao fato absurdo de existir pessoas incapazes de ver que cada caso possui no mínimo dois lados. Muitos casos possuem três, quatro, cinco… Uma infinidade de facetas que devem ser levadas todas em consideração. Imaginem no caso de uma situação como esta que estamos enfrentando agora!?…

Da mesma forma que o desastre que essa pandemia vai causar em nossas vidas a curto prazo, de forma pontual e particular, ela causará um incalculável e descomunal desastre econômico, que acarretará problemas gravíssimos de todas as ordens, em todas as esferas, de todos os setores da sociedade.

Mas uma coisa é certa! Os que não morrerem vítimas desta doença, sofrerão as graves consequências dela, e precisam estar preparados para isso. Sobreviver é possível, vejam o que aconteceu depois da peste negra, o que aconteceu durante e depois das grandes guerras, e em consequência das grandes quebradeiras e recessões pelas quais o mundo passou! Sobrevivemos!…

O que não é admissível é que os canalhas de um lado e jumentos de outro, tentem tirar proveito dessa calamidade para ganhar alguma coisa com isso, seja econômica ou politicamente. Isso é inaceitável!

A hora é de total desarmamento dos espíritos.

Os cavaleiros do Apocalipse

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Essa pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que eu fosse ler um pouco a esse respeito, e em meio a minhas leituras deparei-me com matérias correlatas que me remeteram a outro assunto: o fim dos tempos, o que me levou ao Evangelho de João, o Livro das Revelações, mais conhecido como Apocalipse.

Escrito como se fosse uma poesia, meio que psicodélica, pois em algumas passagens o escritor está tão doidão, parece até ter usado algum tipo de alucinógeno, pois nos induz a acreditar que está tendo visões bem características deste tipo de atitude. É aí que aparecem os Quatro Cavaleiros do Apocalipse: a fome, a guerra, a peste e a morte.

Aquela leitura me fez ver que em pleno século XXI, tempos de imensa evolução tecnológica, a humanidade ainda é atingida de forma avassaladora por surtos, epidemias e pandemias, nos remetendo a um texto religioso de dois mil anos.

Segundo as estatísticas da Organização Mundial da Saúde, morrem no mundo, vítimas apenas dos mais diversos tipos de gripe, duas pessoas por minuto, 120 por hora, mais de 2.800 por dia, acima de 86.000 por mês, o que totaliza mais de 1 milhão e 50 mil pessoas, anualmente.

Porém, há um fato muito mais alarmante do que essa peste que se abate sobre a humanidade e que nos passa despercebido, mesmo sendo muito mais cruel e permanente que a falta de saneamento e as doenças que ela acarreta. Falo da fome, outro dos quatro Cavaleiros do Apocalipse, que segundo João de Patmos se espalharão pela terra e a devastarão, quando estiver próximo o fim do mundo.

Segundo estatísticas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a fome mata pelo mundo, 10 pessoas por minuto, 600 por hora, mais de 14.000 por dia, algo em torno de 430.000 por mês, totalizando mais de 5 milhões 180 mil pessoas por ano. O equivalente a quase cinco vezes a população da cidade de São Luís! São números inacreditáveis!

Em outra esfera, e por mais incrível que possa parecer, a guerra, outro cavaleiro do dos tempos, mata muito menos pessoas. Estimativas indicam que aproximadamente 360 mil pessoas morreram em 2019 nas guerras convencionais, em curso no mundo. Número bem inferior à quantidade de outras mortes, causadas pelos outros agentes citados anteriormente.

O número de vítimas da guerra ganha imensas proporções quando se soma todas as mortes de todos os conflitos bélicos da história, mas cumulativamente os três fatores são catastróficos.

O quarto flagelo é a própria morte, e nesta última leitura que fiz, por um instante, fiquei achando que havia um erro naquele elenco, afinal de contas os três outros cavaleiros sintetizam o quarto. Todos levam à morte! Mas logo entendi que aquela morte citada por João em seu caótico poema profético, tem uma outra conotação, uma outra dimensão, ela diz respeito a um outro tipo de vilão que ataca a humanidade também há milênios. O controle torpe e corrupto dos homens e das sociedades por religiosos e políticos infames e mentirosos. Essa morte representa isso, a falência das lideranças da humanidade, na religião e na política.

A alegoria usada para caracterizar os quatro mensageiros do fim dos tempos é auto explicativa: montado em um cavalo branco acinzentado, aparece uma figura de porte majestoso, usando uma coroa, um arco e uma máscara, que representa a mentira e a infâmia praticadas pelos poderosos da falsa igreja e os mandatários da terra; um potro avermelhado, cor do sangue que jorra nas guerras, traz uma figura com características de guerreiro que empunha uma espada com a qual matará seus inimigos; um equino negro, cor que sugere as trevas e a ganância, traz montado em si uma figura famélica, carregando uma balança destinada a fraudar a pesagem e a distribuição dos frutos que por sorte brotem da terra; e, por fim, um corcel amarelo esverdeado, cuja cor sugere a decomposição dos corpos, traz montado em si uma figura com característica cadavérica, empunhando uma jarra contendo doenças e uma espécie de gadanho, que usará para revirar os restos de suas vítimas.

No momento atual é este último cavaleiro, o da peste, que nos visita. Ele está sendo combatido e certamente será derrotado em mais essa batalha. Mas uma pergunta se impõe: até quando ficaremos reféns destes flagelos? Quando iremos nos livrar deles definitivamente?

A minha opinião é que estes quatro tem um que os lidera, e que deve ser eliminado para que os demais deixem automaticamente de existir.

Pense nisso!…

Goebbels, Bohr e Pirandello

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Credita-se a Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista de Adolf Hitler, a frase “uma mentira repetida mil vezes torna-se uma verdade”. Tem gente por aí que faz muito isso, mesmo que jure que não.

Abraham Lincoln, presidente dos Estados Unidos da América, disse que: “Pode-se enganar todos durante algum tempo, pode-se enganar alguns durante todo tempo, mas não se pode enganar a todos por todo o tempo”.

Em sua genialidade, o autor de 1984 e Revolução dos Bichos, o inglês George Orwell, disse que: “Em tempos de fraude universal, dizer a verdade se torna um ato revolucionário”.

Certa vez Jesus tentou mostrar a seus discípulos o que era realmente verdade: “Digo-lhes a verdade: não foi Moisés quem lhes deu o pão do céu, mas é meu Pai quem lhes dá o verdadeiro pão do céu”.

O parabólico e metafórico nazareno queria simplesmente dizer que o adorado deve ser o detentor do poder e da glória, não seu agente, não seu obreiro.

Quando esse mesmo Jesus disse que ele era o “caminho, a verdade e a vida”, quis dizer mais do que entendemos em suas palavras traduzidas do hebraico ou do aramaico. Ele, em verdade, nos dizia que só se terá redenção, só se chegará na glória divina sendo como ele, sendo minimamente bom em tudo em nossas vidas, tendo em nós mais as boas qualidades do que as más. Mas afinal de contas o que é mesmo verdade?

O pouco lembrado Niels Bohr, um dois gênios da humanidade, explica filosoficamente não apenas a mecânica dos elementos, e por analogia, a mecânica da vida. Disse ele que existem verdades triviais e grandes verdades. Disse também que o contrário das verdades triviais é claramente falso, mas que no caso de uma grande verdade, seu contrário é também verdadeiro. Essa afirmação bagunçou minha cabeça. Passei muito tempo digerindo o que disse Bohr, que antes só conhecia das aulas de física e de química.

Havia então duas constatações a levar em conta. A primeira é que, obrigatoriamente, um cientista, antes de tudo, teria que ser um humanista, um filósofo. A segunda, se for realmente verdade o que disse Bohr, teria que reformular minha opinião sobre o demônio, o satanás. Para mim ele não existe. É tão insignificante perto de Deus, onipotente, onipresente e onisciente, que nem cogito sua existência. Em minha concepção, o que há é o livre arbítrio humano, que na maioria das vezes, quando posto em prática, assemelha-se muito ao trabalho do coisa ruim.

Pois bem, sendo Deus uma grande verdade, satanás, segundo Bohr, também o é. Confesso que não gosto dessa ideia, ela dá margem para muita especulação.

Em meu socorro aparece Nietzsche, mas acaba por bagunçar ainda mais minhas ideias, afirmando que toda verdade é simples.

Meu pai, que não era nem cientista nem poeta, dizia que algumas verdades eram tão preciosas que precisavam ser garantidas por uma série de mentirinhas. Ele dizia umas coisas bem interessantes para um homem de pouco estudo. Uma vez, falamos sobre isso em uma de nossas viagens pelo interior desse Maranhão. Foi no intervalo do ensaio do discurso que iria proferir naquele dia e a eterna transmissão de um jogo de futebol entre Arsenal e Manchester, que ele ouvira pelo rádio, quando eu ainda nem era nascido.

Falou sobre como agir na política, como deveríamos nos portar enquanto políticos, fez uma comparação entre o mundo do comércio e o da política, mundos onde ele habitava. Disse ele que “a verdade é uma mercadoria complicada de se transportar e mais ainda de se negociar”. Disse que ela “tem que ser dita de tal maneira “acreditável”, se assim não for, parecerá simplesmente mais uma mentira”.

Foi com ele que aprendi que é infinitamente melhor se dizer a verdade, pois dá menos trabalho, é menos cansativo e mais prazeroso. Que só se deve lançar mão da mentira quando for impossível usar a verdade. E ele mesmo completou: “O difícil é sabermos quando”.

Comecei a escrever esse texto porque estava me indagando sobre minhas verdades, fato que me trouxe até aqui, a esse beco sem saída. Só me resta lançar mão de um grande amigo meu, um mágico das palavras, grande conhecedor do pensamento e da alma humana, Luigi Pirandello, que parece ter solucionado esse dilema com uma frase: “Assim é, se lhe parece”.

A quem pertence o futuro ???

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

Faz uns três meses, fiz um desses estudos de perfis, tão comuns hoje em dia, e o “diagnóstico” foi no sentido de que tenho uma grande possibilidade de desenvolver bons relacionamentos com as pessoas através da minha habilidade de comunicação e diplomacia, mesmo que muitas vezes eu seja franco demais, causando certo constrangimento nas pessoas.

Além disso, me foi dito que tenho boa aptidão para desenvolver análises de cenários sejam elas sociais, políticas ou culturais. Em resumo, sou capaz de entreter as pessoas em uma agradável conversa sobre literatura e cinema, ou em uma análise sobre o comportamento humano ou os fatos da política.

Recentemente, em um delicioso e aprazível jantar, pude comprovar que aquele perfil estava certo por um lado, mas por outro deixava bastante a desejar, uma vez que nem todas as pessoas estão dispostas a falar sobre assuntos tão controversos.

Nem vou comentar o que aconteceu naquela noite. Vou tratar de um outro ponto, tão controverso quanto aquele: o futuro, que alguns insistem em dizer que a Deus pertence, fato do qual discordo por dois motivos. Por achar que se Deus existe mesmo, não vai ligar muito para essas coisas, e por ser a política tão afeita a mudanças e interferências, que é melhor definida por aquela controversa “Teoria dos Jogos”, que nada mais é que uma espécie de equação matemática que estuda situações estratégicas, onde jogadores escolhem diferentes ações na tentativa de melhorar sua possibilidade de sucesso.

Não sou especialista na Teoria dos Jogos, mas há muito me dedico a analisar cenários políticos e é isso que farei aqui hoje.

Perguntaram-me quem pode vir a ser o futuro governador do Maranhão, e respondi que em minha modesta opinião só existem dois candidatos com reais chances de ocupar este posto a partir de 2023. Carlos Brandão e Weverton Rocha.

Os dois pertencem ao mesmo grupo político, o que em tese, caso haja disputa eleitoral entre eles, isso pode vir a fragmentar seu grupo, fato que seria perigoso para sua hegemonia.

É inteligente que se imagine que eles deverão chegar a um acordo, o que deverá resultar em vantagem para Brandão, que na ocasião estará ocupando o cargo de governador, em substituição a Flávio Dino. A Rocha caberá indicar o candidato a vice, que possibilitará acesso dele ao governo quatro anos depois. Além disso, ele deverá indicar o candidato a senador, caso Flávio Dino venha realmente a ser candidato a um cargo a nível nacional, como presidente ou vice.

Nessa altura da leitura, há quem se pergunte se eu estou maluco, pois todos sabem do arrojo, da coragem e da capacidade política do jovem senador do PDT! Por quais motivos ele abriria mão de concorrer ao governo, já que ele é mais forte eleitoralmente que Brandão!? Pelo simples fato de que o vice-governador estará no exercício do governo, o que lhe dá uma capacidade política incrível, caso ele saiba, e ele sabe muito bem, manejar os instrumentos do poder no sentido de garantir sua vitória na eleição de 2022. Duvidar disso seria uma aposta muito arriscada que poderia destruir seu grupo político, e muita gente vai trabalhar para que isso não aconteça.

Restam outras perguntas. Quem Rocha indicará para vice de Brandão? Quem será o seu nome para disputar o Senado, na ausência de Dino.

Para o Senado o candidato já está escolhido, é Othelino Neto, seu mais graduado correligionário.

No caso de vice, existem algumas opções. O presidente da Famem, Erlanio Xavier, o presidente da Câmara Municipal de São Luís, Osmar Filho, e o deputado Marcio Honaiser, uma vez que nenhum dos três teria carreira para se engraçarem da cadeira de governador e cogitar não estender o tapete vermelho que levaria Rocha a ocupar a cadeira que já pertenceu a João de Barros, André Vidal de Negreiros, Fernando de Noronha, Luís Alves de Lima e Silva, Benedito Leite, José Sarney, Jackson Lago e Flávio Dino.

O observador mais arguto se perguntaria: por que Joaquim não analisa primeiro o cenário da eleição de prefeito que ocorrerá dois anos antes da eleição de governador!?

Simples! Porque no caso de São Luís, a guerra será de tal sorte feroz que poderá mudar todo o panorama, não permitindo que eu analise a eleição de governador de maneira mais descomprometida. Se bem que acho que a eleição de 2020 só reforçará a existência do cenário que prevejo para 2022: fortalecimento eleitoral do PDT de Weverton Rocha, que deverá ser derrotado por Eduardo Braide, em São Luís, e apoio de Flávio Dino para seus correligionários, tendo Brandão à frente da campanha.

E o grupo Sarney? Perguntariam! Sem forças para eleger muitos prefeitos em 2020 e ter candidato próprio em 2022, passa a ter o papel primordial de “fazer filho na mulher dos outros”, como se diz na gíria. O grupo Sarney pode estar muito enfraquecido, mas ainda pode vir a ser o fiel da balança!…

6 pautas em 15 dias

por Jorge Aragão

Por Joaquim Haickel

As duas últimas semanas foram muito agitadas, como de resto têm sido quase todas deste ano complicado, e como não consegui me decidir sobre qual assunto tratar em meu texto de hoje, fiz um resumo de algumas pautas.

1 – O deputado federal mais votado da história do Brasil, Eduardo Bolsonaro, que por acaso é filho do atual presidente da República, verborragiou desatinos sobre um possível retrocesso democrático, movido principalmente por mera falta de tato, de tino, de capacidade de entender o enredo desta tragicomédia, que ele, sua turma e seus adversários, são os protagonistas, enquanto nós e o Brasil, as vítimas.

2 – A Rede Globo, exibiu uma matéria especulativa e facciosa, onde ela mesmo colocava em dúvida suas próprias declarações e notícias. Fez isso na tentativa de envolver o presidente e seus filhos no caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, e para isso usa milenar tática da fofoca e não as técnicas do bom jornalismo.

Uma matéria tão asquerosa que conseguiu o repúdio até de pessoas que se opõem a Bolsonaro, deixando claro que parte da imprensa está realmente orquestrando uma campanha contra o presidente e seu governo, não que ele não lhes dê bastante motivo para isso!

3 – Enquanto isso, Cazuza não me deixou esquecer que O Tempo Não Para! Continuamos trabalhando na produção da série A Pedra e a Palavra, que enfoca a vida e a obra do Padre António Vieira. Nessa etapa, entrevistamos em São Paulo, Adma Muhana, João Adolfo Hansen e Alcír Pécora, professores geniais, que são alguns dos maiores especialistas em assuntos relacionados àquele que segundo o poeta Fernando Pessoa é o Imperador da Língua Portuguesa.

Mas foi a quinta-feira, 7, o dia mais intenso desta quinzena!

4 – O presidente Jair Bolsonaro resolveu retirar as atribuições do antigo Ministério da Cultura, do Ministério da Cidadania, mas incoerentemente, ao invés de vinculá-las ao Ministério da Educação, as transferiu para o Ministério do Turismo. E aqui outra coisa causa estranheza! Por que ele não fez o mesmo em relação às atribuições do antigo Ministério do Esporte, que figurava em similaridade com a cultura, no Ministério comandado pelo deputado Osmar Terra?

Ainda sobre esse fato, vale lembrar que Bolsonaro comete o mesmo erro perpetrado por seu desafeto, Flávio Dino, em seu primeiro mandato como governador do Maranhão, quando juntou Cultura e Turismo, imaginando que apenas os calendários de eventos culturais e turísticos seriam justificativas suficientes para juntar na mesma pasta atividades tão distintas. Dino demorou, mas reviu seu erro!

Acredito que Turismo estaria melhor junto com Indústria, Comércio e Economia, enquanto Cultura e Esporte deveriam ser geridos juntos com Educação. Uma coisa tão simples quanto somar um mais um!

5 – Em outro acontecimento marcante, o jornalista Glenn Greenwald, chamou o também jornalista Augusto Nunes de covarde, ao vivo, no Programa Pânico, da Jovem Pan. Descontrolado, o insultado, depois de advertir seu ofendedor, para que não o insultasse, deu-lhe um bofete, e os dois protagonizaram uma daquelas briguinhas características do programa Os Trapalhões.

Esse seria um outro assunto que eu poderia abordar aqui hoje. A dosimetria e a hierarquia dos direitos ou o que é mais grave, um insulto moral ou um tapa na cara!? Polêmica garantida!

6 – Por fim, o Supremo Tribunal Federal se desdisse pela terceira vez. Estabeleceu que aquilo que havia dito antes, sobre a prisão de réus condenados em segunda instância, a partir de agora, seria novamente diferente, permitindo que fiquem livres os condenados por um juiz e um tribunal revisor.

Eu, que fui deputado federal constituinte, tive a honra de assinar, no dia 5 de outubro de 1988, a Constituição da República Federativa do Brasil, (ao contrário de Lula e alguns de seus colegas petistas, que não a assinaram) e acredito que o que aconteceu de mais importante com aquela Constituição, foi o apoio popular que ela teve, a vontade dos políticos de então, em estabelecer de forma pacífica e ordeira, um regime verdadeiramente democrático em nosso país, depois de vivermos durante 21 anos em um regime de exceção.

Continuo acreditando que naquele momento, colocarmos no texto constitucional uma série imensa de direitos, era o mais correto e sensato a ser feito, pois primeiro precisávamos que a democracia que nós estávamos ali plantando, germinasse, crescesse, florescesse e frutificasse.

Agora, 30 anos depois, tendo nossa democracia já sido testada diversas vezes, de diversas formas, em diversas crises, e tendo ela alicerces e fundações, profundas e sólidas, é hora de repensarmos alguns parâmetros que estabelecemos naquela ocasião, sob pena de ao invés de fortalecermos nossa democracia, nós a fragilizarmos, por interesses meramente político partidários, que visam a defesa de projetos de poder de alguém ou de alguns.