Durante entrevista coletiva na sua despedida do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o senador Flávio Dino (PSB) assegurou que jamais houve qualquer interferência, inclusive do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na autonomia das investigações e trabalhos desenvolvidos pela Polícia Federal.

“Mas eu afirmo cabalmente que, nesses 13 meses, o presidente da República não me pediu nada, nem para investigar, nem para deixar de investigar. Nenhum ministro de Estado se dirigiu a mim para pedir qualquer coisa. Nunca houve interferência de autoridade de governo na autonomia técnica da Polícia Federal”, afirmou.

Num outro momento, Flávio Dino afirmou categoricamente ser contrário o uso político das forças policiais.

“Tenho repulsa à ideia de uso político das polícias e isso nunca aconteceu”, finalizou.

Maranhão – O problema é que a declaração de Dino remete a uma das principais polêmicas durante sua gestão como governador do Maranhão.

Em 2018, ano de eleições gerais, a Segurança Pública do Maranhão, na gestão Flávio Dino, chegou a emitir um documento em que ordena aos batalhões militares o monitoramento de opositores políticos durante o período eleitoral, onde Dino concorria à reeleição.

O documento da Segurança Pública determinava ainda a identificação de “lideranças que fazem oposição ao governo local (ex-prefeito, ex-deputado, ex-vereador) ou ao governo do Estado, em cada cidade, que podem causar embaraços no pleito eleitoral” e a transferência de policiais envolvidos na política, “a fim de evitarem transtornos no período eleitoral”.

A ordem foi emitida pelo Comando de Policiamento do Interior (CPI) aos Batalhões da Polícia Militar, mas o comandante geral da PM no Maranhão a época, coronel Jorge Luongo, afirmou que não houve essa determinação e, após o vazamento e críticas, tornou o documento sem efeito.