Pelo menos duas contradições latentes foram destacadas após o anúncio feito pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública.

A primeira foi levantada pelo ex-ministro da Justiça e atual senador, Sérgio Moro (União Brasil-PR), que fez questão de lembrar que o STF anulou as decisões da Justiça Federal de Curitiba contra Lula em quatro processos da Lava Jato, após ele aceitar o cargo de Ministro da Justiça no Governo Jair Bolsonaro.

“Fica então entendido que aceitar cargo em Ministério não é e nunca deveria ter sido causa de suspeição”, destacou Moro, que lembrou ainda que Ricardo Lewandowski chegou ao STF indicado por Lula em 2006.

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) foi ainda mais incisivo. “Agora que Lewandowski se tornou ministro da Justiça de Lula, as decisões que ele tomou em benefício de Lula e do PT serão anuladas? Lewandowski terá sua parcialidade pró-Lula e pró-PT reconhecida?”, questionou Dallagnol.

A segunda contradição foi o fato de que o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), quando foi deputado federal, foi autor de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que impediria Ricardo Lewandowski de assumir o ministério.

Dino queria que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), após a aposentadoria, cumprissem um período de três anos de “quarentena” em que não poderiam exercer “cargos em comissão ou de mandatos eletivos em quaisquer dos Poderes e entes da federação”. Para a sorte de Lewandowski a PEC não foi adiante.

No entanto, ao comentar a escolha de Lula, Dino se disse: “feliz em ser sucedido por Lewandowski”.

O eterno dois pesos e duas medidas.