Por José Sarney
As imagens têm se sucedido Brasil afora: as pessoas catando lixo e descartes de comida em busca de superar o drama terrível da fome. Quando isso acontece é sinal de que atingimos uma linha de alerta para a qual é necessária a mobilização de toda a sociedade.
O problema da fome é dos mais antigos da Humanidade. Foi certamente em busca de novas fontes de alimento que os primeiros homens se espalharam da África para o resto do mundo — tinham que acompanhar as mudanças climáticas de então, mas estamos falando de processos que levavam milhares de anos.
A força do Egito e de Roma estava nas grandes reservas de grãos. Os egípcios tinham as cheias do Nilo como sinal de que suas margens garantiriam mais ou menos trigo. Havia até os nilômetros, o principal o de Elefantina. Eram eles que indicavam o que os faraós distribuiriam ou não de alimentos. No caso de Roma eram as grandes colônias da Magna Grécia e África as principais fontes, mas havia o controle da produção em grandes armazéns para que a distribuição do grão — para o panis — garantisse a tranquilidade da plebe e do proletariado. Todos os grandes impérios tinham, de uma forma ou outra, suas reservas. Nem sempre elas funcionaram.
Hoje a FAO estima que haja no mundo 600 mil pessoas sem comer e 41 milhões com fome. A História conta mais de quarenta ocasiões em que o número de mortos pela fome foi de mais de um milhão de pessoas, e a China tem os tristes recordes de ter perdido mais de 40 milhões no começo do século XIX e de 55 milhões no fim dos anos 1950.
O Brasil sempre teve o problema. De quando em vez as grandes secas traziam, sobretudo ao agreste nordestino, grandes calamidades, mas não vivíamos a época da mídia em tempo real mostrando a morte. As imagens que ficavam eram as dos retirantes, como meu avô Assuéro, que veio da Paraíba em busca de terra para plantar e felizmente a encontrou aqui no Maranhão.
Eu tive sempre consciência do problema que era a fome que não mata de vez, mas aos poucos. Por isso mesmo, quando Presidente da República, dei grande importância aos programas de apoio alimentar, o principal deles o do leite para as crianças. Mais tarde dei o apoio possível ao José Graziano, quando fez o Programa Fome Zero, durante o governo Lula. Este programa, mais o Bolsa Família, tiveram um enorme sucesso, e o fantasma da fome parecia afastado do Brasil.
Infelizmente ele volta agora. Nada é mais importante do que combater a extrema desigualdade que a causa. Quem tem fome não tem nada mais, perdeu tudo: emprego, casa, dignidade humana.
Talvez mais que as imagens das pessoas catando lixo me chocou a notícia de que houve recurso contra a absolvição de pessoas que haviam sido presas pegando comida descartada nos fundos de um supermercado.
O Brasil ainda é um país rico. Esse egoísmo é inaceitável. É a sociedade como um todo que tem que se mobilizar e dar de comer a quem tem fome.
Seria bom, que os ricos, deste País, utilizassem parte dos rendimentos de suas aplicações financeiras para implantação de uma Fundação Assistencial em parceria com os Governos, da União, dos Estados e Municípios. O que observo é apenas críticas, sobretudo daqueles que já tiveram oportunidade de minimizar esse grave problema, socioeconômico.
Verdade os caras passaram uma vida no poder se beneficiando, nunca resolveram nada e agora vem dá pitaco
Como se falar em fome , em um país , que governadores do consórcio nordeste roubam 50 milhões e tudo isso é natural! Muita demagogia e pouco se importar com os pobres.