Já não é segredo para ninguém o incômodo do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), diante do protagonismo do prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos),na vacinação contra a Covid-19, mas o problema é que esse incômodo pode, e até deve, acabar atrapalhando a imunização na capital maranhense.

Não é de agora que o Governo Flávio Dino tem retido doses de vacinas e assumido um papel que não é seu no processo de vacinação. O Plano Nacional de Imunização deixa bem claro o papel do poder público na campanha de imunização. Ao Governo Federal cabe a responsabilidade de adquirir as vacinas e repassar aos Estados. Já os Estados, tem a obrigação de distribuírem as doses, enquanto que cabe aos Municípios realizarem a vacinação.

No entanto, o Governo Flávio Dino tem retido vacinas e também realizado imunização, ao que parece, em busca desnecessariamente de um protagonismo tolo. Recentemente, por conta dessa postura, houve um embaraço quando da vacinação dos professores da rede particular de ensino.

Agora, quando a Grande Ilha, a pedido do prefeito de São Luís, recebeu 300 mil doses extras de vacinas, mais uma vez a busca pelo protagonismo parece querer atrapalhar a imunização.

Quando o Governo Flávio Dino resolveu dividir as doses entre os municípios da Grande Ilha, utilizando o critério correto da população, os números não bateram. São Luís tem um pouco mais de 75% da população geral entre os quatro municípios e deveria ter recebido algo em torno de 225 mil vacinas, mas a Secretaria de Saúde do Maranhão irá disponibilizar 210 mil, ou seja, são 15 mil doses que não irão chegar a Prefeitura de São Luís.

O Governo Flávio Dino decidiu reter 17,5 mil doses das que o Governo Bolsonaro enviou para a Grande Ilha. A justificativa é uma reserva técnica para que o estado também participe da imunização.

Além disso, vale destacar que o Governo Flávio Dino optou por não atender uma recomendação do Ministério da Saúde a respeito das doses de vacinas Pfizer. A orientação, por conta da dificuldade de acondicionamento do imunizante que precisa ter temperaturas mais baixas para manter uma validade mínima, de pelo menos cinco dias, é entregar as doses apenas nas capitais. No Maranhão, o Governo Flávio Dino também distribuiu as doses para outros municípios.

O lamentável é que mesmo o Maranhão alcançando oito mil óbitos neste mês de maio, a preocupação de alguns seja ser protagonista ou coadjuvante nesse triste cenário.