Por Hildo Rocha

A ciência aconselha que, para conter o avanço devastador da Covid-19, há que se promover, no menor intervalo de tempo, a vacinação em massa. Ao se imunizar parte significativa da nossa população, será possível reduzir, ou mesmo interromper, a circulação do coronavírus no País.

No dia 19 de fevereiro, a imunização dos brasileiros teve início – o que nos encheu de alívio e esperança. No entanto, embora as doses das duas vacinas aprovadas no País – CoronaVac e Oxford-AstraZeneca – tenham chegado à maioria das cidades, a vacinação dos grupos mais vulneráveis à doença caminha em ritmo por demais lento.

Essa lentidão compromete o benefício da imunização para o conjunto da sociedade. E ela tem acontecido menos em decorrência de problemas de gestão da saúde nos Municípios do que pela falta vacinas em quantidade suficiente. Estamos longe de conseguir vacinar os grupos prioritários definidos pelo Plano Nacional de Imunização do governo federal.

A responsabilidade pela compra de mais vacinas e insumos para o País – quando a oferta desses produtos no mundo é restrita e a demanda, gigantesca – tem sido objeto de triste disputa política.

O embate travado entre União, Estados e Municípios em relação às suas competências e obrigações nos tem enfraquecido sobremaneira nesta guerra contra a pandemia. A cada dia sem vacina, perdemos uma batalha contra a doença, contra o vírus, contra o colapso no sistema de saúde, contra a morte.

Neste mês de março, o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia de Covid-19. O País ultrapassou o número de 260 mil óbitos. Recordes na média de mortes são registrados a cada dia. O Ministério da Saúde prevê 3 mil mortes diárias por Covid-19 ainda neste mês.

A essa tragédia, soma-se o risco de a intensa circulação do vírus no País propiciar mutações cada vez mais perigosas, a exemplo da originada no Amazonas, conhecida como variante brasileira.

Se não formos competentes em interromper o crescente número de novos contágios, não só viveremos a pior crise sanitária, social e econômica da nossa história, como colocaremos em risco todo o Planeta. Isso mesmo,. Corremos o risco de ver o Brasil transformado em um criadouro de novas cepas de coronavírus.

Quero ressaltar que os países que atuaram rapidamente no sentido de promover a vacinação em massa de sua população estão hoje próximos de retomar a normalidade das atividades sociais e econômicas, porque controlaram a proliferação do vírus e o número de casos graves da doença.

No Reino Unido, as vacinas evitaram 80% das internações de idosos antes mesmo da segunda dose, sendo que, na Escócia, a internação de idosos diminuiu 94%. Em Israel, a vacina reduziu em 75% as infecções em menos de um mês após a primeira dose.

É isso que desejamos para o Brasil – a segurança trazida pela vacinação em massa. Para chegarmos a esse cenário, no entanto, há que se colocar um ponto final na politização da vacina e no embate político em torno da pandemia.

O momento que atravessamos é de gravidade ímpar. Precisamos nos unir como sociedade para o superarmos. Precisamos do esforço e da consciência de cada brasileiro. Para tanto, é imprescindível a condução firme e segura do governo federal, em harmonia com os governos estaduais, distrital e municipais. Somente assim, seremos suficientemente fortes para virar a página dessa longa e dura provação.