O Blog vai reproduzir um justo desabafo do grupo de samba Argumento, um dos melhores do Maranhão, sobre o atual momento que o estado vai vivendo na pandemia e a proibição dos artistas se apresentarem e seguirem  trabalhando para sobreviver.

No desabafo, o grupo Argumento rechaça a teoria de que a música seria a responsável pela segunda onda da Covid-19 no Maranhão. No texto, é lembrado outras situações bem mais graves e que boa parte das autoridades parecem e/ou fingem não enxergar. Vejam abaixo.

“Enquanto as autoridades que agora nos proíbem de trabalhar não dirigirem suas ações aos segmentos de ônibus, igrejas, shoppings, bancos, supermercados e outros que igualmente aglomeram, a mensagem acima não será uma ironia, mas simplesmente a forma com a qual enxergam a música e os profissionais ligados a ela.

Desde que, há três semanas, um membro do Ministério Público foi à TV anunciar a proibição da música, mesmo em plena vigência dos decretos que a permitiam, já estamos praticamente parados, pelo temor causado em nossos contratantes.

Agora, por força dessa decisão judicial que negou o lockdown, mas acatou pedido subsidiário de proibição APENAS (!!!) da música feito pela Defensoria Pública, pararemos por mais uma semana, no mínimo.

Não estávamos reivindicando tocar em carnaval ou festas grandes. A maioria da classe, sensível ao atual momento da pandemia, só queria seguir trabalhando nos barzinhos e eventos familiares. Isso já seria o suficiente para muitos se segurarem. O que não podia era parar. Mas, infelizmente, parou.

Então, só pra vocês entenderem melhor: além das medidas que já estavam em vigor, ÚNICA restrição imposta pela decisão de hoje é a proibição da música. Nada – absolutamente nada – foi sequer suscitado em relação aos demais setores.

Portanto, todo aquele alarde em torno de um possível fechamento geral terminou apenas nisso: não pode ter música, e só. E esse LOCKDOWN MUSICAL fará com que, contra a nossa vontade, viremos cobaias de uma espécie de pesquisa prática sobre o verdadeiro impacto dos eventos musicais na pandemia.

Será a primeira vez em que, num cenário de crescimento de casos, uma única classe arcará com o ônus, diferentemente do que ocorreu na primeira onda.

Então, daqui uma ou duas semanas, quando olharmos os números, saberemos se a proibição somente da música causará algum efeito sobre os índices epidemiológicos.

Se o ritmo de contágio diminuir, diremos: “chegaríamos a esse resultado mais rapidamente se outros setores também tivessem contribuído.” Se o ritmo de contágio aumentar, diremos: “perdemos cerca de um mês de trabalho para vocês perceberem que não éramos nós os únicos culpados.”

Eu aposto nessa última opção. E você?”

Vale destacar que na maioria dos estados brasileiros não houve essa seletividade, mas sim todos foram obrigados a colaborar. A decisão tomada na maioria dos locais foi aumentar a fiscalização das medidas já existentes e estabelecer um horário limite de funcionamento dos estabelecimentos, mas jamais proibir um segmento de sobreviver.

Desta forma, é inegável que o desabafo é justo, diante da injustiça que os músicos estão sendo alvos nesse momento.