Por José Sarney
As causas da raça negra e da cultura foram as duas maiores preocupações minhas em 12 anos de Câmara dos Deputados e 40 de Senado. Sou o Senador que mais tempo exerceu mandatos naquela Casa. E o político mais longevo da República, com mais de 60 anos de atividade e ainda presente — sem militância partidária, mas Presidente de Honra do MDB, partido a que sou filiado há 36 anos. Exerci por oito anos a Presidência do Senado Federal.
Sempre discordei da maneira como o problema da raça negra era tratado. Só existia o discurso político de retirá-la da situação de miséria e de segregação social. Minha visão, que nunca havia sido colocada na República — mas tinha origem em José Bonifácio e Joaquim Nabuco —, era de que somente com ascensão social, educação, participação em postos de direção ela sairia desse longo caminho de discriminação. Essa foi a solução adotada pelos Estados Unidos, que em parte deu certo, permanecendo, entretanto, o violento racismo.
É que o problema deles era muito mais grave do que o nosso, com as sequelas da guerra de secessão. Mas lá já chegou um negro à Presidência da República e agora uma mulher negra, Kamala Harris, à Vice-Presidência, como muitos chegaram a outros altos cargos da República e do poder econômico.
Quando era Presidente da República ocorreu o Centenário da Abolição. Em vez de comemorações políticas, criei a Fundação Palmares, com a finalidade de promover a ascensão social, a educação e as oportunidades de trabalho para os descendentes dos escravos. No Parlamento, como Senador, apresentei o projeto de lei de cotas raciais, que nunca tinham sido tratadas no Brasil e estabeleci que eram o caminho.
O Senador negro Paulo Paim pediu-me para absorver meu projeto no Estatuto da Igualdade Racial. Concordei, porque meu objetivo não era político, mas o de criar o debate sobre o problema e lançar a política de cotas para ajudar a resolver a questão. Meu projeto, no entanto, era bem mais amplo, incluindo os cursos de graduação, os cargos públicos e o financiamento dos estudos.
Orgulho-me de ter tido uma participação na defesa dessa maioria-minoria que continua a sofrer depois de quase quinhentos anos de presença no Brasil. Nosso débito com a raça negra é a maior dívida que temos em nossa História.
O Dia da Consciência Negra mostra que se mantém o caminho fracassado do passado. Pensa-se como sempre em dividendos políticos e nada de objetivo para fazer com que os negros tenham na sociedade o mesmo lugar dos brancos.
Outro débito que temos — e digo com a autoridade de quem é um lutador desta causa e detentor do Prêmio Zumbi, que me foi entregue pelo grande negro José Vicente, Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares — é com o Negro Cosme, da Balaiada, enforcado no Maranhão, que ficou no esquecimento e devia estar sendo reverenciado junto com Zumbi.
Ele deu o maior exemplo do que precisava a raça negra: criou uma escola no quilombo. Ele já sabia que só a educação liberta.
O problema do negro são seus VALORES e não tem educação ou cultura que resolva isto, é de nascença (algum conseguem superar isto). O que acontece com a população negra é a mesma coisa que acontece com a áfrica negra e obama e a vice-presidente dos EUA (?????) são casos pontuais e mais para jogar para a galera do que mudanças reais. É questão de evolução.
A coisa certa que sarney falou é que com o vitimismo baseado em passado não leva a lugar nenhum. E nina rodrigues já alertva isto há muito tempo.
Baseado em seu comentário então quer dizer que o problema do negro são seus VALORES, logo a KKK, Apartheid e as demais leis de segregação foram consequências desses valores?
Eu juro que tentei lê o que essa raposa velha tentou escrever, mais o termo “raça negra” me fez sentir enjoou da forma que foi empregado, esse termo não é mais usado pela comunidade científica desde a segunda metade do século xx, a questão racial e integralmente social, econômica e POLÍTICA e não biológica, a raça humana não tem subcategorias.
Tudo bem, Dr. Sarney.
Mas eu nunca vi um negro ocupando um lugar de destaque no ministério do seu governo, nem mesmo algum sendo escolhido Ministro de Tribunal, Embaixador, etc.
Será quando veremos um(a) negro(a) sendo Ministro da Econômia, por exemplo.