O ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, que ficou bastante conhecido pela quantidade de habeas corpus benevolentes concedidos (veja aqui), resolveu criticar a participação de militares no Ministério da Saúde.

Durante uma live, realizada pela Revista IstoÉ, afirmou que a atual ocupação interina feita por um militar não condiz com os requisitos técnicos do cargo de ministro da Saúde e afirmou: “É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. É preciso pôr fim a isso”.

No entanto, a lógica da crítica de Gilmar Mendes ficou difícil de entender. Inicialmente, a afirmação do ministro acaba atingindo a categoria de militares, afinal parece que um militar, para o ministro do STF, não teria competência para ocupar cargos no Ministério da Saúde.

Além disso e mais grave, é que Gilmar Mendes parece esquecer que ainda na primeira quinzena de abril, ou seja, logo no início da pandemia da Covid-19, o STF, inclusive com o voto do próprio, decidiu que estados, Distrito Federal e municípios poderiam tomar medidas que acharem necessárias para combater o novo coronavírus, como o isolamento social, com fechamento do comércio e outras restrições.

Com isso, governadores e prefeitos também definiram os serviços essenciais que funcionam durante a pandemia. Até então, somente um decreto do presidente Jair Bolsonaro poderia fazer essa definição.

Ou seja, o STF decide que as medidas para o combate a Covid-19 cabe aos governadores e prefeitos, mas agora a culpa pelas mortes no Brasil, em consequência da pandemia, são dos militares do Ministério da Saúde???

É uma lógica realmente difícil de entender.

Já o governador do Maranhão, Flávio Dino, que tem como secretário de Saúde um advogado e cujo o estado foi o sétimo do Brasil a ultrapassar mais de 2 mil mortes, obviamente, para eximir a sua responsabilidade, concordou com Gilmar Mendes.

E durma-se com um barulho desses…