O governador Flávio Dino (PCdoB) bem que tentou sustentar o discurso de que o lockdown à maranhense – com pouca fiscalização – foi um sucesso, mas acabou reconhecendo, mesmo que tacitamente, que não é bem assim.
Na manhã de sexta-feira, em coletiva à imprensa transmitida direto do Palácio dos Leões, o chefe do Executivo estadual anunciou novas medidas de contenção da circulação de pessoas. Entre elas, o estabelecimento de um rodízio de veículos para diminuir a quantidade deles trafegando pelas avenidas de São Luís.
A questão é de lógica básica: se o lockdown estivesse sendo cumprido à risca, como anuncia o governador desde o primeiro dia, não haveria necessidade de nenhuma medida adicional para manter as pessoas isoladas.
Se houve essa necessidade, é lógico pensar que o bloqueio não funcionou – ou não está funcionando – tão bem.
E não está por problemas do governo e das prefeituras: foram essas autoridades que decidiram adotar postura mais branda na fiscalização do cumprimento do decreto.
O resultado? O movimento de pessoas em muitos locais na Grande Ilha foi igual (e, em alguns casos, até superior) ao dos dias de isolamento imediatamente anteriores ao bloqueio de atividades.
Inflado – A propósito, o governo tem adotado uma estratégia clara para “inflar” o percentual de diminuição da circulação de pessoas pela cidade nesse período. Para isso, usa dados da circulação de passageiros.
Compara, então, dados desta semana – apontando circulação de 96 mil pessoas – com os de dias normais, quando circulam mais de 600 mil passageiros, e anuncia redução de 85%.
O correto seria comparar com a semana imediatamente anterior, quando medidas de isolamento já estavam em efeito, para se ter uma real noção do impacto do lockdown.
Estado Maior