Depois de revelar que chegou a arquitetar um plano para atirar e matar o ministro do Supremo Tribunal Federal, o ex-procurador Geral da República, Rodrigo Janot, também revelou que o pedido de intervenção federal no Maranhão, às vésperas das eleições estaduais, por conta da crise em Pedrinhas, não passou de um blefe contra o Governo Roseana Sarney.

“Joguei a carta da intervenção federal na mesa para pressionar o governo do Maranhão a tomar medidas fortes para melhorar as condições do presídio”, afirmou.

O episódio revelado por Janot, fez com que a ex-governadora Roseana escrevesse um artigo interessante sobre a atuação do ex-procurador com relação ao Governo do Maranhão, no período em que Roseana ainda era governadora.

No artigo “Um blefe“, publicado na edição especial de fim de semana de O Estado, Roseana revelou que sua gestão foi alvo de perseguição política por parte de Rodrigo Janot.

“Revela sua obsessão pelo Maranhão e pelo inferno em que transformou os meus dois últimos anos de governo, com denúncias permanentes, inspeções montadas, chegando mesmo a utilizar o instrumento do blefe, como chantagem, a fim de pressionar-me. Foi incapaz de manter um diálogo construtivo em busca de soluções para os problemas que enfrentávamos.

Tudo isso nada tinha de bom desempenho de funções ou idealismo. Era simplesmente motivação política, originada em seu autoritarismo, incompetência, maus modos e influências circunstanciais.

Chegou mesmo à insanidade de pedir intervenção federal no Estado, baseado na rebelião de facções criminosas na Penitenciária de Pedrinhas, onde ele confessa ter espiões, um juiz e um padre mexicano da Pastoral Carcerária. E exalta como seu grande feito ter substituído as quentinhas servidas aos presos, igualando-as às servidas aos agentes penitenciários e ao diretor do presídio.”

Roseana ainda lamentou que Janot tenha se utilizado do cargo, para de maneira absurda e irresponsável, perseguir a sua gestão e consequentemente o Maranhão. A ex-governadora deixou claro que, em momento algum, se curvou diante das pressões do ex-procurador. Roseana encerrou o artigo dizendo que não acredita em coincidências e que Janot se revelou pior do que ela mesmo imaginava.

“O escândalo nacional que promoveu o Procurador Janot agora é revelado como sendo um blefe – blefe este que se revelou eficaz como abuso do poder público e facciosismo político.

As referências que ele me fez são acusações caluniosas, nunca provadas, e mandadas arquivar pelos tribunais superiores após exaustivos e longos processos investigatórios. Apenas mostram o quanto este homem foi capaz de utilizar suas funções para dar vazão às suas alucinações e delírios, cometer tantas injustiças, provocar tantas lágrimas, atingir tantas famílias, deixando de lado os verdadeiros corruptos, isentando-os nos biombos das delações falsas, muitos impunes e usufruindo dos valores roubados.

O que fez o Sr. Janot diante do aumento dos homicídios, do tráfico de drogas e armas, da violência contra as mulheres e do ódio de gênero? Que desfaçatez! Começar pelo Maranhão para satisfazer suas taras etílicas foi um ato de baixeza, achando que aqui não havia autoridade. Demonstrou não conhecer a fibra e a coragem das mulheres maranhenses.

Não acredito em coincidências. Também não espero que o ex-procurador se retrate do mal que fez a mim e a tanta gente. Nas poucas palavras que trocamos quando da crise penitenciária, eu considerei o então Procurador Geral da República apenas um homem insensível aos problemas que o povo do Maranhão enfrentava àquela época. Infelizmente, me enganei. Ele revela ser muito pior do que isso. Um blefe.”

Vale recordar que Rodrigo Janot, enquanto ocupou o cargo de procurador Geral da República, sempre teve ao seu lado, e como homem de confiança, o maranhense Nicolao Dino, que chegou a ser vice-procurador Geral Eleitoral.

Nicolao Dino era o preferido de Janot para lhe substituir no cargo da PGR, inclusive foi o mais votado na listra tríplice encaminhada pelo Ministério Público Federal ao presidente Michel Temer, mas acabou não sendo o escolhido.

Nunca é demais lembrar que Nicolao Dino é irmão do atual governador do Maranhão, Flávio Dino, mas tudo isso nesse contexto, às vésperas das eleições de 2014, pode ter sido apenas mais uma, entre tantas, coincidências que aconteceram nos últimos anos em terras maranhenses.