Por José Sarney
Quem se lembra hoje de como começou o ferry-boat e o grande impacto que teve na Baixada? Primeiro que ninguém o tratava com o nome inglês, e o linguajar popular só o chamava de FERRO-BOTO. Ele era um sucesso. Um cantador de boi, em Pinheiro, fez para mim uma toada que louvava a embarcação, capaz de fazê-lo “tomar café em Pinheiro / almoçar em São Luís / e jantar em Pinheiro / com bagre, farinha e jaboti”.
Foi uma melhoria e tanto. A Baixada não tinha sequer um quilometro de estrada, só se saía a cavalo, boi-cavalo (no inverno) ou teco-teco — dos famosos comandantes Maranhão, Gaudêncio, Diegues ou Prezado (que, graças a Deus, ainda o temos vivo e testemunha daqueles tempos).
Eu, Governador estradeiro, asfaltando a São Luís-Teresina, abrindo a Miranda-Arari-Santa Inês, a Açailândia-Santa Luzia e conectando o Maranhão, via minha Baixada isolada e abandonada.
Chamei o Vicente Fialho, Diretor do DER, grande técnico e excelente executivo, para fazer um programa de estradas para a região. Criei o 1º Distrito Rodoviário da Baixada, em Pinheiro, na ligação com o Gama. Começamos a rasgar estradas para São Bento, Bequimão, Santa Helena, Pedro do Rosário e Alcântara. O primeiro problema era como chegarem as máquinas, já que o único meio de transporte era os barco. Dois dias de mar aberto. Era uma epopeia. Mas a vontade de fazer era maior do que os problemas a enfrentar.
Nosso objetivo era dar à Baixada uma via de escoamento mais rápida, sem precisar de dar a volta por Bacabal, mais 400 quilômetros. Tudo era isolado, mas na nossa cabeça estava delineado um mapa imaginário feito de amor ao Maranhão. Para isso tínhamos que atravessar a Baía de São Marcos. Eu me lembrei do sistema de ferry-boat de Hong Kong,que tem sua mobilidade urbana nesses barcos, e quis fazer um igual. Quando as estradas estivessem prontas, já devíamos ter o ferry-boat pronto para aproximar a Baixada. Como consegui-lo?
Outra dificuldade veio nos ajudar. A produção de óleo de babaçu tinha problemas para ser escoada, pois o porto de São Luís, em frente ao Palácio, já não recebia navios. Resolvi perguntar à Associação Comercial se algum industrial se interessaria por construir e operar um navio. No princípio ninguém quis, mas então surgiu o empresário José Salomão, que aceitou o desafio e depois transformou-se num grande armador nacional. Era um navio pequeno, de mil toneladas. Pois foi o Salomão quem se lançou para operar um ferry-boat. Assim, ligamos a Baixada a São Luís. Quem se lembra disso? Os que tinham 15 anos hoje têm 65, e a juventude não sabe o que era e o que é hoje o Maranhão, com o Itaqui e 10.000 pessoas por dia atravessando a baía.
Fico feliz quando vejo que todas estas coisas que nasceram na minha cabeça hoje são realidade. Agora precisamos de um plano para desenvolver a Baixada.
Antes de encerrar: eu também, como Governador, pensei nisso e criei a Companhia de Desenvolvimento da Baixada Maranhense – Codebam, para fazer uma barragem na foz do Mearim e irrigar os campos, transformando-os em plantações de cerais, criação de peixes, camarão — como Guaiaquil, grande polo exportador e responsável pelo progresso do Equador, região semelhante à nossa Baixada.
Não tive dinheiro nem tempo. Mas a ideia é mais forte. Um dia virá.
E ainda tem gente que diz que Sarney não fez nada pelo Maranhão
Lá vai Zé de kiola, senta na proa do Ferro Boto, levando o desenvolvimento para sua amada baixada Maranhense, isso não é lendas nem mitos. É história viva do nosso Maranhão, contada pelo próprio desbravador, o Sarneyzão do Maranhão. Da terra das Palmeiras.
“…estou velho, mais não véiaco.” (José Sarney)
É uma pena que muitos jovens universitários nossa terra e também os jovens politico e gestores em exercício , não gostam de usar a massa cefálica em projetos para beneficio do povo. Muitos Descriminam gestores antigos , dizendo que estão arcaicos e que seus tempos já passaram. Imaginem dentro de uma faculdade de medicina, só aprendemos com os mais velhos e experientes,caso contrario quem passaria uma gama de informações aos novos futuros doutores. O Maranhão está cheio de pessoas que dizem saber tudo e na verdade não sabem de nada.Deixam-se levar por formadores de opinião ou por modismo e na verdade servem só cagar e poluir o mundo e uma cidade. Só aprendemos ou fazemos alguma coisa,mirado em experiencias vividas no passado ,mas com o olhar no futuro.
Sempre bons textos do imortal José Sarney
Lá vai Zé, de kiola, sentado na proa do Ferro Boto, levando desenvolvimento para sua amada baixada Maranhense, isso não lenda e nem mito, mas é história viva e contada pelo próprio desbravador do nosso Maranhão, esse é José Sarney, da terra das Palmeiras.