Dom Felipe — Dom Felipe Benito Conduru Pacheco, grande intelectual, glória de São Bento, de onde era filho — escreveu muitos livros, dentre eles Pai e Mestre, biografia de seu progenitor Benício Conduru, que abriu a vala e fez a comporta no Rio Aurá, para facilitar o acesso à cidade de São Bento, e uma história da Igreja — História Eclesiástica do Maranhão — fundamental para o estudo da evangelização no Estado. Foi bispo de Parnaíba, onde aposentou-se. Já velho, morava aqui no Palácio Episcopal, sendo arcebispo Dom João Motta. Governador, eu recebia sempre uns bilhetes de Dom Felipe, a quem dedicava uma deferência especial, pois fora ele quem me batizara em 1930.
Meu slogan de governo era “Maranhão Novo”, numa empolgação por realizar as grandes obras que mudaram o Maranhão, como o porto do Itaqui, a São Luís-Teresina, a universidade, as faculdades, e com o grande desenvolvimento que conseguíamos. Pois bem, passado o Carnaval de 1967, recebi uma carta de Dom Felipe, dizendo: “Governador Sarney: Enquanto não se acabar com a devassidão do Carnaval, não fale em Maranhão Novo.”
Ele não se conformava com os populares “bailes de máscara”, com as mulheres todas vestidas de “dominó” e mascaradas — e assim livres de ser identificadas e podendo se esbaldar. Nas portas havia sempre uma comissão de reconhecimento para evitar a entrada de prostitutas ou de homens vestidos de mulher.
Era uma atração especial e característica do carnaval de nosso Estado e se tivessem continuado acho que seria um atrativo especial para os turistas que marcaria o Maranhão.
O nosso saudoso Cafeteira, Prefeito de São Luís, como Dom Felipe, também não gostava dessa liberdade carnavalesca e proibiu os bailes de máscara. Fez-se até uma marchinha muito cantada, que dizia “Cafeteira não quer / Máscara neste Carnaval”, o que provocou uma grande discussão, uns apoiando e outros, inclusive eu, protestando, querendo que continuassem, pois faziam parte de nossa tradição.
Assim, esta discussão sobre a liberdade de costumes liderada pelo Rei Momo, não é nova, vem de longe e o povo gosta. Mas sempre houve exagero e hoje, com a destruição dos valores cristãos, a coisa fica de jacaré nadar de costa.
Acima dos excessos, que devemos condenar e policiar, não há coisa mais bonita e brasileira do que a alegria explosiva e contagiante do nosso povo, nas suas fantasias e ritmos.
Os mascarados não desapareceram somente do Maranhão, mas do Brasil inteiro, pois o que quase todos querem é mostrar a cara. Enquanto isso Dom Felipe está no céu, pedindo ao Criador que acabe a devassidão, e Cafeteira se conforta com a exibição dos biquínis nos belos corpos das mulheres que passam nos extraordinários carros dos desfiles das Escolas de Samba.
Quem foi rei, não perde a majestade. Belíssimo texto do imortal José Sarney.
Bispo de Ilhéus – BA, Parnaíba – PI e resignatário de Decoriana, na África. Professor, historiador, músico, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão. Publicou obras que avultam na bibliografia maranhense, por sua qualidade e erudição: Vida de Dom Luís de Brito, três volumes; Pai e Mestre, 398 páginas; História Eclesiástica do Maranhão, 700 páginas, Carta Pastoral e Relações entre o Poder Civil e o Eclesiástico. Patrono da Cadeira 4, da Academia Sambentuense, fundada pelo escritor Sataniel de Jesus Pereira.
DOM FELIPE CONDURU PACHECO nasceu em São Bento, aos 18 dias de julho de 1892 e faleceu em São Luís a 4 de outubro de 1972. Filho de José Joaquim da Silva Pacheco e Rita de Oliveira Pacheco. Neto paterno de Joaquim José Pacheco e Maria Joaquina da Silva Martins. Materno do ilustre pedagogo Felipe Benicio de Oliveira Conduru e Carolina Paula de Sena Conduru. Seus primeiros estudos foram feitos em São Bento com seu tio-avô Lucílio Raimundo de Araújo e Oliveira, e sua tia jornalista Eponina Conduru, proprietários do Colégio Nossa Senhora da Conceição e Glória. Continuou o primário em São Luis no Seminário Santo Antônio, e os teológicos no Seminário Maior de Fortaleza. Ordenou-se padre a 21 de novembro de 1915, na catedral de São Luís, com o recebimento da unção sacerdotal de Dom Francisco. Celebrou a 1ª missa em São Bento no dia da Conceição – 8 de dezembro desse ano. Nomeado capelão da Santa Casa de Misericórdia – S. Luís, no período de 1916 a 1918, quando foi transferido para paróquia de sua natal, empossado a 23 de fevereiro de 1919. Sua nomeação foi o primeiro ato assinado pelo novo bispo, Dom Helvécio Gomes de Oliveira. Permaneceu nessa paróquia até 1931, quando realizou aos seus párocos relevantes serviços de incentivo ao teatro, com a fundação da Banda Musical, Recreio Paroquial, a criação da Escola Paroquial para meninos pobres e a reconstrução do prédio da matriz, atingida por um incêndio. Elogiável trabalho pelo social e pela religião católica.
Monsenhor vigário-geral do primeiro Arcebispo do Maranhão, vigário-geral de toda a Arquidiocese de São Luís. Bispo de Ilhéus (BA) e Parnaíba (PI). Bispo Resignatário de Decoriana, extinta cidade da Tunísia e bispo auxiliar da catedral do Maranhão. Professor de Teoria, Cânones, Arqueologia Sagrada e Prática do Seminário Santo Antônio, Latim e Religião do Santa Teresa; Filosofia Experimental no Colégio do Estado. Autor dos livros Pai e Mestre, Vida de Dom Luís de Brito (três volumes), Dom Francisco de Paula e Silva, História Eclesiástica do Maranhão, Cartas Pastorais, Relações entre o poder Eclesiástico, o Poder Civil e a Santa Missa. Músico, jornalista, poliglota, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.
. Patrono da Cadeira 7, da Academia Sambentuense.
Eita Sarney velho de guerra, continua imbatível na arte de escrever
Caro Jorge , porisso que este imortal, chamado de José Ribamar Araújo Costa Ferreira, e conhecido vugo, José Sarney, que não é mito nem lendário, mas é invejado pelo seu espírito justo de não esquecer nem dos mortos , e nem dos vivos pois a grandeza de um homem se resume em saber que o tempo é senhor da verdade,ou bem ou mal.