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Em política, a guerra começa depois da vitória

Por Joaquim Haickel

Depois de um primeiro turno no mínimo surpreendente, onde as eleições proporcionais deixaram um saldo devastador, tanto nas Assembleias Legislativas, quanto no Congresso Nacional, e até nos governos estaduais, com a não eleição de antigas e consolidadas lideranças políticas, e de um segundo turno acirrado entre os postulantes aos cargos majoritários de alguns Governos Estaduais e à Presidência da República, o que vemos agora, por parte dos eleitos, além de um grande alívio pela vitória, é um mar de desafios e um maremoto de dificuldades e incertezas.

Enquanto estão em campanha, os políticos não levam em consideração a grande quantidade de problemas que enfrentarão nas funções para as quais se candidatam. Durante a campanha, tudo que virá depois da vitória, parece ser tão insignificante e fugaz que nem se atrevem a comentar, até porque se o fizerem, o eleitor pode raciocinar mais objetivamente e resolver votar em outro candidato.

Isso não é prerrogativa de um ou outro candidato. Isso ocorre com todos e os piores não são aqueles que não abordam esses assuntos, mas aqueles que em o fazendo mentem descaradamente, dizendo que têm soluções para todas as mazelas da administração pública, que na maioria das vezes nem sequer as conhecem. Desses, meu voto foge, pois é essa desfaçatez e hipocrisia que normalmente nos leva por caminhos muito piores.

Em se tratando de casos específicos bastante comentados esta semana, seria bom que o presidente Jair Bolsonaro observasse se a extinção ou mesmo a fusão de ministérios não levará a uma economia de recursos menos relevante do que o barulho e a pressão sobre esse assunto. A economia pode ser feita nas suas estruturas, nos orçamentos e nos programas! Há também o sempre bem vindo corte de cargos comissionados e cabides de emprego.

Acredito que o presidente Jair Bolsonaro possa juntar pastas que cumpram funções semelhantes, não antagônicas como agricultura e meio ambiente, mesmo que a orientação seja para que uma não inviabilize a outra. Para isso é só não colocar pessoas radicais em cada uma das pastas!

No caso do setor da educação, criar o MECE (Ministério da Educação, Cultura e Esporte) não seria um grande problema, desde que as funções de cultura e esporte não fossem colocadas como meros apêndices, mas que mesmo perdendo o status de ministério possam ser valorizadas como tanto se precisa que sejam.

Penso que a preocupação maior do presidente Jair Bolsonaro não deva ser se haverá ou não loteamento de cargos. Isso não é o mais importante. O importante é que os indicados sejam escolhidos por ele e não pelos partidos e estes não usem o governo partidariamente!

Apoio político será indispensável e ele deve ter, junto de si, os melhores quadros à sua disposição e descartar os sabugos que rondam o poder.

Mas o fato mais importante da semana foi o convite feito pelo presidente eleito ao juiz Sergio Moro para ser seu ministro da Justiça, e tendo em vista que o futuro presidente Jair Bolsonaro, sabiamente reconheceu não ser o mais preparado, mas ressaltou que Deus prepara os escolhidos. Isso me leva a imaginar que este poderá estar dando o primeiro e definitivo passo para ser o candidato do capitão para ser seu sucessor!

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