Por José Reinaldo Tavares

Íamos para Tutoia, a convite do prefeito Romildo, para participar de uma solenidade à noite. A viagem transcorria normalmente e havíamos passado pelo acesso a Humberto de Campos, a meio caminho para Barreirinhas. Era um trecho reto, não havia residências e nem pessoas no trajeto. Embora tivéssemos encontrado, em outros trechos, um bom número de carros retornando a São Luís, nesse trecho quase não havia tráfego. Quando, de repente, um senhor que dava sinais de embriaguez atravessa a pista e sai do mato, de surpresa. O motorista buzinou, seguidamente, e pensávamos que ele, alertado, parasse ou retornasse. Mas, ao invés disso, ele avança sobre o carro. O motorista, para não atingi-lo, desvia para o acostamento, mas perde o controle do carro que, em seguida, capota várias vezes até parar de rodas para cima.

Eu e minha mulher, Crisálida, estávamos no banco de trás, com cinto de segurança afivelados, e, ainda assim, fomos jogados de um lado para outro, rolando sem durante os momentos em que o carro ficou sem controle. Lembro de que, enquanto capotávamos, eu sentia dor e pedia para parar. Quando conseguimos sair, amparados por pessoas que apareceram ali e por carros que passavam pelo local, um senhor de camisa vermelha, que me sustentava, disse: ê, é o Zé Reinaldo!

Havia um segundo carro que nos acompanhava e eu e Cris embarcamos nele e voltamos para São Luís, indo direto para o hospital, onde recebemos um ótimo tratamento, médico e humano. Após exames de imagem, feitos logo que chegamos, ficou constatado que não tivemos fraturas e nem lesões. Ainda estamos muito machucados, agora em casa, mas guardando o repouso necessário à nossa recuperação.

O carro ficou muito danificado, face aos pulos que deu, repetidas vezes. Só há uma explicação para ninguém ter morrido, nem nós, nem o motorista e nem o acompanhante, meu amigo, Zé Maranhão. Foi a mão de Deus que nos protegeu, que impediu que tivéssemos sequelas graves, que me permitiu estar aqui escrevendo o meu artigo, como normalmente faço desde 2007.

Eu e Cris somos muito religiosos, frequentamos regularmente a igreja e ela, ainda mais do que eu. Grupos de orações se formaram e nos ampararam. São nestas ocasiões que percebemos a força da fé e amor divino, independente de credo religioso.

Qualquer agradecimento de minha parte aos meus amigos e às pessoas que oraram por nós é pouco, em face ao que aconteceu. Estarmos bem. Machucados e doloridos, mas bem. Muito obrigado a todos.

Esse é o terceiro acidente sério que sofri e que consegui sobreviver sem sequelas graves. O primeiro aconteceu quando caí no Lago de Brasília, dirigindo um ultraleve. Foi Deus quem me salvou, tenho certeza disso. O segundo foi uma queda de helicóptero, ao decolar em São João do Carú, com perda total do aparelho. Mas todos nós que viajávamos nos salvamos sem fraturas e lesões. Graças a Deus e, sem dúvidas para mim, meu santo protetor de todas as horas São José de Ribamar.

Na próxima semana explico o que é necessário para concluir o acordo entre Boeing e Embraer. A Bombardier fez o mesmo com a Airbus e é muito importante para o nosso Centro Espacial de Alcântara.