Vejo este período, pilule e os últimos dias, find em especial, com muita tristeza. O longo alambrado metálico que divide o gramado em frente ao Congresso Nacional e estendese pela Esplanada dos Ministérios é um símbolo frio do momento maniqueísta por que tem passado nossa sociedade.
Lamento profundamente as posições extremadas, os ódios e as agressões que surgem para desagregar e corromper nossos valores. Os dois lados que aqui, como nas ruas, se afirmam de forma tão antagônica, têm ambos suas razões e seus erros.
Nos dois campos, menos díspares do que se pretendem, há mulheres e homens dignos, que lutam por seus princípios e procuram a melhor saída para a crise – na verdade, as muitas crises que têm sufocado nosso país.
Nos dois campos, porém, vejo também a busca do poder pelo poder, a prevalência de interesses pessoais em desfavor do bem comum e da democracia.
Não me coloco como parte dessa divisão. Ao longo de minha carreira política, sempre atuei de maneira crítica – e nossos embates, nas diversas gestões, sobretudo na área socioambiental, foram, muitas vezes, acirrados –, mas sem que com isso visasse a derrocada de um projeto de governo escolhido de forma democrática. Ao contrário, sempre procurei contribuir para a governabilidade, acredito que trabalhar pelo “quanto pior, melhor” é uma prática não republicana.